A tarde de ontem (01/04) foi espaço para discussões sobre a Conjuntura da Bacia do Rio São Francisco. Numa mesa formada por representantes dos pescadores de toda a Bacia, além de membros do Movimento dos Pescadores e Pescadoras (MPP) e do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) nacionais, foram discutidas as problemáticas que atingem o Velho Chico.

A pescadora Iraneide Machado, da região do Baixo São Francisco, contou que criou seus 7 filhos com o que produzia da pesca. A atual situação do rio, no entanto, não permite que ela tenha a mesma renda de antes. “Com a água salgada do jeito que está agora, não dá mais pra gente continuar fazendo isso. Não tem mais essa quantidade de peixe”. 

Marizélia Carlos do Movimento dos Pescadores e Pescadoras (MPP) nacional falou sobre a atual conjuntura política do Brasil e defendeu uma postura crítica sobre o momento atual. “Nós não defendemos o governo, defendemos os direitos dos trabalhadores. Defender os trabalhadores é garantir os direitos que conquistamos”, explicou Marizélia.

Maria José Pacheco, coordenadora do CPP nacional, fez uma análise histórica sobre o Brasil para falar do atual momento político. “A nossa sociedade é constituída dentro de alguns pilares, dentre eles está essa visão racista. O outro pilar é a exploração da natureza. Esses pilares continuam presentes nos dias de hoje. Então tudo que não for eurocêntrico é tido como atrasado e do passado. Os pescadores que tem uma relação diferente com a natureza sofrem com isso também”, explica Maria José. “Esse é um momento histórico e temos que fazer a defesa da democracia e não do governo”, finalizou.

Logo depois da mesa se iniciou a “Fila do Povo”, momento em que o microfone foi aberto para qualquer pessoa se pronunciar. Vanda Maria do Socorro, pescadora de Itacuruba (PE), foi uma das pessoas que falou. “O governo está tirando o dinheiro do FIES e do Prouni e isso é errado. Porque é desse jeito que os nossos meninos e o Brasil podem crescer”, reclamou. Já Márcia Menezes, também de Itacuruba (PE), se queixou dos fazendeiros da região onde mora. “Eles não deixam o pescador montar a sua lona para pescar. Chegam com os capatazes, nos ameaçam e não nos deixam pescar”, relatou.