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Pescadores da Ilha do Fogo são exemplo de resistência na bacia do São Francisco

11-04-2016
Fonte: 

Assessoria de Comunicação do CPP Nacional

O I Congresso dos Pescadores e Pescadoras da Bacia do São Francisco foi realizado num lugar especial: a Ilha do Fogo. Localizada nas águas do rio São Francisco, entre as cidades Tadeu da Costa: "Eu zelo pela ilha"de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), a Ilha do Fogo é um grande símbolo da ação organizada dos pescadores do Velho Chico. Até o ano passado os pescadores estavam em conflito pela retomada do seu território.

A luta teve início quando na madrugada do dia 3 de setembro de 2012, a Ilha foi ocupada pelo Exército brasileiro. O 72º Batalhão de Infantaria Motorizado fechou o acesso das pessoas à ilha, que além de abrigar vários pescadores, também funciona como um balneário para a população das duas cidades. A entrada na ilha passou a ser controlada.

Desde então os pescadores iniciaram uma luta, juntamente com um grupo organizado de pessoas, que formaram o coletivo “Amigos da Ilha do Fogo”, com o objetivo de retomar o espaço para o grande público. “Nós juntamos os grupos e começamos a lutar pela ilha, indo para os meios de comunicação e fazendo reuniões”, conta Tadeu Reis da Costa, vice-presidente da Associação dos Pescadores e Pescadoras da Ilha do Fogo.

Os resultados apareceram quando quase três anos após a ocupação do Exército, a ilha voltou a ser um lugar de livre acesso. Em 22 de junho de 2015 a ilha foi desocupada pelas Forças Armadas. “Mais de 20 pessoas moram na ilha e eles diziam que isso aqui só tinha usuário de drogas”, relembra Tadeu. A vitória pela retomada da ilha é comemorada pelo pescador que está no local desde o ano de 1979. “A minha vida é isso aqui, eu zelo pela ilha. Qualquer coisa que maltrate a nossa ilha me deixa triste”, conta Tadeu.

 Pescadores da Ilha do Fogo receberam bandeira do MPPO pescador ver a realização do Congresso na ilha como uma continuidade das lutas e das vitórias dos pescadores. “Esse evento é um grande reforço pra nós, porque eles lutam pelo rio São Francisco e nós não somos nada sem ele (o rio)”, defende Tadeu. Durante o evento a Associação dos Pescadores e Pescadoras da Ilha do Fogo ganharam uma bandeira do Movimento dos Pescadores e Pescadoras. “Isso fortalece toda a luta que fizemos. Já que lutamos tanto por esse galpão”, explica Tadeu fazendo referência à antiga sede da Companhia de Navegação do São Francisco (FRANAVE), que abrigou o Congresso.

Os planos dos pescadores no local agora incluem ampliar a venda de pescado. “Queremos ter uma câmara fria para atender a população com pescado e também queremos construir uma fábrica de gelo”, relata Tadeu. Depois das conquistas que obtiveram na desocupação da Ilha do Fogo, alguém pode duvidar de que os pescadores vão conquistar esses novos objetivos? 

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