Regina Meura: memória viva na missão profética do CPP

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“A vida dos justos está nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá. Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido, sua partida foi tida como desgraça, e sua saída do meio de nós, como destruição; mas agora estão na paz.” (Sabedoria 3,1-3)

Com profundo respeito e reverência, o Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras (CPP) faz memória e rende homenagem à nossa irmã Maria Regina Meura Passarela, agente de pastoral do CPP/Regional Sul, que no dia 6 de abril de 2025 encantou-se e foi plantada nas águas profundas da eternidade, fazendo sua Páscoa definitiva no coração do Cristo Libertador.

Regina não foi apenas uma agente pastoral: foi pescadora artesanal, mulher das águas, filha da resistência. Nascida e criada em comunidade pesqueira, sua vida foi marcada pela entrega generosa aos povos do litoral sul do Brasil. Com firmeza e doçura, fez da missão um chamado diário e da esperança uma teimosa companheira de jornada.

Em sua caminhada pastoral, Regina enfrentou injustiças, denunciou violações e defendeu, com coragem, os territórios tradicionais pesqueiros. Em cada seminário, oficina, encontro ou mobilização, sua presença era água que corre — sempre vital, sempre importante. Era ponte entre os clamores das comunidades e a construção do Reino que queremos e sonhamos.

Com uma espiritualidade encarnada, Regina expressava a fé no Deus dos pobres, das mulheres, das águas e da terra, e carregava no coração a certeza de que “os olhos do Senhor estão voltados para os justos, e seus ouvidos atentos aos seus clamores.” (Sl 33,16). Sua atuação ultrapassou fronteiras regionais e seu testemunho permanece vivo nos corações daqueles e daquelas que com ela partilharam lutas, alegrias e sonhos.

Jesus nos consola com suas palavras em João 11,25-26: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá.” Confiando nessa promessa, cremos que Regina, embora tenha adormecido para este mundo, vive agora na plenitude do amor de Deus. Sua presença permanece viva entre nós, não apenas na memória, mas na continuidade de sua entrega, dedicação e testemunho junto ao CPP, onde seu legado florescerá como semente que ela mesma plantou com fé e compromisso.

Hoje, as águas sentem sua ausência física, mas também a celebram como parte de sua memória ancestral. Como maré que não se interrompe, sua história continua a inspirar a pastoral e as comunidades tradicionais pesqueiras do regional sul e todo o Brasil. Regina, agora entre as águas do infinito, permanece farol aceso na barca do CPP.

Nos solidarizamos com sua família, amigos e amigas, companheiros e companheiras de missão. E assumimos o compromisso de seguir adiante com sua memória como força profética, na esperança ativa de que o Reino, que ela tanto ajudou a semear, continue florescendo à beira dos rios, nas redes, nas marés e nas mãos dos que não desistem de lutar.