Notícias

CPP participa de reunião sobre os impactos do Porto Central em Presidente Kennedy - ES



Reunião reúne lideranças religiosas, pescadores e pescadoras e organizações para discutir as ameaças ao território e ao modo de vida tradicional

13-12-2024
Fonte: 

Texto: Assessoria de comunicação do CPP | Fotos: Zena Pinto - CPP/ES

O Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras (CPP) Espírito Santo participou, no dia 11 de dezembro, de uma reunião na Paróquia Nossa Senhora da Penha, em Marobá, Presidente Kennedy (ES). O encontro reuniu representantes da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, da Diocese de Campos (RJ), da Paróquia de Marobá, da Comissão de Justiça e Paz (CJP), da REDI, da FASE e pescadores da Colônia Z-01. O objetivo foi discutir os impactos da instalação do Porto Central, cujas obras já estão em andamento, e mobilizar ações em defesa das comunidades atingidas.

A construção do Porto Central afeta mais de 400 famílias de pescadores e pescadoras artesanais, bem como comunidades ribeirinhas. A destruição de estuários, áreas protegidas e terras de Mata Atlântica e restinga ameaça o modo de vida tradicional, além de colocar em risco o patrimônio histórico e cultural do Santuário das Neves. O CPP reafirmou seu compromisso com as comunidades, unindo-se ao clamor dos pescadores e pescadoras que não sabem como será seu futuro sem poder exercer sua profissão, modo de vida e garantir o sustento de suas famílias.

“Extinção do modo de vida tradicional”

Zena Pinto, agente de pastoral do CPP/ES, alertou para os impactos devastadores do Porto Central, enfatizando que o projeto significa a destruição dos territórios e modos de vida das comunidades locais. “O Porto Central vai extinguir o modo de vida tradicional de centenas de pescadores artesanais. Ele vai secar alagados em áreas de reserva, prejudicando fauna e flora. Além disso, a instalação vai impedir o acesso dos pescadores às áreas de alagados, inviabilizando a pesca e destruindo mais de 1.100 hectares de terras protegidas”, afirmou.

Zena também destacou as consequências sociais que acompanham o empreendimento. “A chegada de 1.300 trabalhadores de fora para as obras iniciais já sinaliza o aumento da violência, da prostituição e da gravidez precoce entre jovens da região. As promessas de emprego são mentirosas, não atendem à população local e acabam destruindo outros trabalhos existentes. O Porto Central só trará destruição ambiental, sobrecarga nos serviços públicos e exclusão das comunidades”, completou.

Resistência

O CPP, em parceria com organizações como a FASE e a campanha “Nem Um Poço a Mais”, tem acompanhado as discussões sobre o Porto Central. Para Zena, esses projetos raramente trazem benefícios reais às comunidades. “Você não vê a construção de hospitais ou escolas, apenas problemas sociais e destruição. Enquanto Igreja e CPP, é nosso papel estar ao lado dos pescadores e pescadoras, dos povos das águas e das comunidades tradicionais, para denunciar e resistir a essas iniciativas que visam apenas lucro, às custas da vida e do meio ambiente”, concluiu.

A reunião em Marobá representou um importante momento de mobilização contra os impactos devastadores do Porto Central. A luta continua para preservar os territórios, os direitos e o modo de vida das comunidades pesqueiras e tradicionais do Espírito Santo.

Linha de ação: