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Pescador é assassinado no Maranhão em conflito por território

12-07-2017
Fonte: 

Assessoria de Comunicação do CPP

Será celebrada no dia de hoje (12/07), às 18 horas, na comunidade da Boa Vista, no município de Ilha Grande, no Piauí, a missa de sétimo dia de José Sebastião Barros, mais conhecido como Zé Menino. José Sebastião Barros - Zé MeninoNo dia 5 de julho o pescador e agricultor de vazante, Zé Menino, foi mais uma vítima dos inúmeros casos de violência no campo, que em 2017, só no primeiro semestre, teve um total de 45 assassinatos, segundo os dados registrados pela Comissão Pastoral da Terra. 

Vaqueiros de fazenda próxima de onde os pescadores plantavam, iniciaram um tiroteio depois que Zé Menino e seu irmão foram expulsar o gado que estava invadindo a plantação deles. Zé Menino, ainda ferido, atirou em auto-defesa  num dos vaqueiros que foi hospitalizado. Há anos a área é usada por algumas famílias da Boa Vista que plantam numa croa (ilha).

O conflito, que dura 5 anos, teve outros episódios de violência. O vaqueiro já havia, inclusive, posto fogo na plantação dos irmãos. Ultimamente o gado do fazendeiro vinha entrando no roçado dos pescadores, porque tinha se tornado uma prática comum dos funcionários da fazenda abrir o portão para o gado pastar fora. O vaqueiro, segundo informações, é conhecido por ter cometido outros assassinatos. 

Os moradores da comunidade ainda fizeram um Boletim de Ocorrência em Araioses (MA), município onde aconteceu o conflito, mas até o momento a polícia civil não havia se pronunciado sobre a situação. Os vaqueiros continuam ameaçando as famílias da Boa Vista, proibindo-as de voltarem a área para colher a mandioca ou continuar plantando.

O caso de Zé Menino corrobora os dados trazidos recentemente pelo dossiê divulgado no dia 4 de julho pelo Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), que revela que pelo menos 66 defensores dos direitos humanos foram assassinados no Brasil em 2016. As regiões Norte e Nordeste concentram a maior parte dos casos, e os conflitos por terra são a principal causa da morte dos ativistas.

Intitulado Vidas em luta: criminalização e violência contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil (acesse aqui), o documento atribui o crescimento desse tipo de violência, no país, ao "cenário de golpe de estado, com retirada de direitos, criminalização, esvaziamento político e financeiro de órgãos como o Incra e a Funai".

Área da comunidade e local do conflitoNo Nordeste, foram 24 assassinatos, com a maioria dos casos registrados no estado do Maranhão, com 15 mortos. Ali, além do conflito entre trabalhadores rurais e latifundiários, é marcante também a disputa entre estes últimos e as comunidades tradicionais como os pescadores, os povos indígenas e quilombolas.

Outro caso de violência contra os pescadores no Maranhão aconteceu na comunidade do Cajueiro, em São Luis do Maranhão, quando funcionários da construtora WTorres tentaram invadir a casa dos pescadores para ameaçá-los e expulsá-los de suas casas (ver matéria sobre o caso).

Linha de ação: 

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