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CPP promove curso de formação sobre questões de gênero

27-05-2013
Fonte: 

Por Arméle Dornelas - Assessora de Comunicação - CPP Nacional 

Entre os dias 14 e 18 de maio, em Olinda, agentes de pastoral do Conselho Pastoral de Pescadores (CPP) de todo Brasil estiveram reunidos para o quarto módulo dos cursos de formação promovidos desde 2011 pela organização. A formação, que já teve como temas a Espiritualidade da Educação Popular a partir da Proposta de Jesus, a Realidade Brasileira e a Educação Popular e o Trabalho de Base, dessa vez abordou as Relações de gênero.

                                                       

O momento contou com a participação de importantes nomes para o debate sobre as temáticas de gênero. Na primeira etapa da formação, a irmã e integrante do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Aline Steuer, coordenou o diálogo trazendo a releitura da bíblia com foco na participação das mulheres durante a história escrita e não escrita no antigo testamento e nos evangelhos. As reflexões levantaram bases para as discussões seguintes.

A professora da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e antropóloga, Suely Kofes, trouxe para as discussões a história e o conceito de gênero. Ela mostrou que essas relações ultrapassam as questões entre homem e mulher, estando em diversas ligações e representando categorias, como patroa e empregada, mulher branca e mulher negra dentre  outras. Esse estudo permitiu que os participantes compreendessem melhor o gênero na realidade social.

Para fechar o curso, a advogada aposentada e com especialização em direitos humanos, Vera Baroni, trouxe para a formação a questão racial como ponto essencial para o debate sobre gênero. “É preciso que o feminismo também leve em consideração a questão racial”, pontuou a ativista ao comentar o momento pelo qual a sociedade passa na luta pelos direitos das mulheres e da população negra.

Esses momentos contribuem para a capacidade critica e reflexiva dos agentes pastorais do CPP, o que dá base para um trabalho sólido junto aos pescadores e pescadoras artesanais. É importante que tanto agentes como comunidades pesqueiras se apropriem de visões mais amplas e sociais da realidade, o que fortalece sua atuação diante dos desafios encontrados.

Os desafios das questões de gênero impactam diretamente o trabalho com as comunidades pesqueiras. Isso porque as mulheres pescadoras representam 50% das pessoas que trabalham e vivem da pesca, e nem todas as atividades desenvolvidas por elas são devidamente reconhecidas pelo Estado. “Essa situação dificulta o acesso à direitos, pois a pesca desembarcada, realizada principalmente pelas mulheres, não é contabilizada pelas estatísticas pesqueiras, além disso, mulheres pescadoras não são consideradas pelas políticas públicas destinadas ao setor da pesca”, comenta a secretária executiva do Conselho Pastoral de Pescadores, Maria José Pacheco.