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Bispos visitam comunidades pesqueiras atingidas pelo óleo e cobram ação do Estado

24-10-2019
Fonte: 

Assessoria de Comunicação do CPP

                                Bispo visita comunidades atingidas pelo óleo das praias

O arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e o bispo auxiliar dom Limacêdo Antonio estiveram na tarde de ontem (23/10), na comunidade pesqueira de Suape, atingida pelos derramamentos de óleo que estão acontecendo em todo o litoral nordestino. A comunidade, localizada em Cabo de Santo Agostinho (PE), já é atingida pelos graves impactos ambientais causados pelo Porto de Suape e agora sofre com o recente derramamento de óleo nas praias. Até o dia 21 de outubro, 233 localidades, em 88 municípios e 9 estados do Brasil foram atingidos, segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e o Ministério do Meio Ambiente.

A delegação formada pelos bispos, padres e pescadores, contou ainda com a presença de 35 agentes da Pastoral dos Pescadores de vários estados brasileiros, que também tiveram as praias atingidas pelo óleo e que estão em Olinda (PE) participando de uma semana de formação. Os participantes tiveram a oportunidade de visitar a ilha de Tatuoca, um dos pontos contaminados pelo derramamento de óleo e onde foi possível ver os voluntários ainda realizando a retirada do material tóxico. 

Mais de 1500 pescadores e pescadoras artesanais que atuam no município de Cabo de Santo Agostinho estão prejudicados, no momento, tendo a saúde e a venda do pescado em risco. “Nós viemos aqui justamente a convite da Pastoral dos Pescadores pra sentir a realidade. Queríamos parabenizar a todos que se empenharam em ajudar sobre os problemas. Arregaçaram as mangas, foram pra luta e estão retirando do mar esse óleo que está acabando com tudo”, afirmou o arcebispo Dom Fernando Saburido. Ele ainda criticou a maneira demorada como o Estado tem respondido ao crime ambiental. “Eu lamento muito isso. Acho que o governo federal foi muito devagar nesse processo todo. Quando eles perceberam a iniciativa da população foi quando de fato despertaram mais pra realidade. De modo que ainda bem que estão chegando agora, atrasados, mas estão chegando e vamos exigir mais: que o governo de fato assuma o seu papel e possa chegar perto das pessoas que precisam”, cobrou o bispo.

“A vinda nessa comunidade foi muito importante para mim, afim de que eu pudesse me aproximar dessa realidade e me questionasse de muitas coisas. A solidariedade foi muito grande e as pessoas fizeram o que puderam. Porém estamos preocupados para que isso não se repita e nos perguntamos porque isso aconteceu? Qual foi a causa?”, questiona o bispo auxiliar e responsável pelas Pastorais Sociais da CNBB Regional Nordeste 2, Dom Limacêdo Antonio. 

Voluntárias recolhem óleo da praiaA agente do Conselho Pastoral dos Pescadores, Laurineide Maria Santana reside em Cabo de Santo Agostinho e conhece de perto a situação dos pescadores e pescadoras artesanais da localidade. “A preocupação foi tirar o piche e a pastoral apoiou os pescadores nessa labuta aqui. Agora é saber como que vai ser a vida dos pescadores? Saber como está o habitat, se tem contaminação ainda e saber como esses pescadores, essas mais de 1500 famílias vão sobreviver da pesca, com essa situação aí posta? Porque isso foi um crime ambiental”, criticou.

A pescadora Maria Vânia agradeceu a visita dos bispos e dos agentes de pastoral e também cobrou uma resposta do Estado. “Estou contente que o bispo participou da atividade aqui com  a gente. Agora eu peço, à vocês, autoridades: façam alguma coisa pelas marisqueiras! Façam alguma coisa pelos pescadores, porque a situação é precária. Peço à vocês que não se esqueçam da gente. O pescador pesca para comer, o pescador pesca para viver e agora com essa situação, como é que vamos viver?  A situação está precária”, revelou a pescadora.

Os agentes de pastoral de vários estados do norte e nordeste do país, que estavam em visita à comunidade pesqueira de Pernambuco também ficaram impactados com o que viram. “Viemos ver a situação dos pescadores que desde domingo estão na luta contra o impacto desse óleo na praia, que atinge a atividade pesqueira e teve impacto econômico, social e cultural na vida dessas comunidades e é papel nosso do CPP, a solidariedade também em ajudar no processo de organização e mobilização, para que o poder público atue de forma mais concreta, contribuindo para limpar e tirar esse óleo das praias e minimizar o impacto ambiental”, aponta o agente do CPP Espírito Santo, Francisco Nonato.

 

Linha de ação: 

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