Faleceu no dia de ontem (24), Antonio Gomes dos Santos, mais conhecido como Toinho Pescador. Poeta e pescador, Toinho teve uma participação importante na construção do Conselho Pastoral dos Pescadores, quando colaborou com Frei Alfredo Schnuettgen, OFM, fundador do CPP, na divulgação e consolidação do trabalho da pastoral. Ardoroso defensor do rio São Francisco, Toinho integrou o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e participou de várias mobilizações em defesa da preservação do rio.

A comprometida atuação política de Toinho o levou a ser presidente da Federação dos Pescadores de Alagoas e o tornou um importante articulador da chamada constituinte da pesca, movimento que mobilizou pescadores e pescadoras artesanais em todo o Brasil, para pautar direitos para as comunidades pesqueiras durante o processo de construção da Constituição Brasileira de 1988. Toinho também foi um dos fundadores do Movimento Nacional dos Pescadores (MONAPE), ainda na década de 80.

Em 2007, Toinho ganhou o prêmio Muriqui, do Conselho Nacional da Biosfera da Mata Atlântica, outorgado a pessoas e entidades por suas atividades em defesa da biodiversidade e conhecimento científico da Mata Atlântica.

Os seus atuais 90 anos o impediam de estar no dia a dia das lutas populares dos pescadores e pescadoras artesanais, mas o coração continuava em consonância com a preservação do rio São Francisco e com a luta dos homens e mulheres das águas. Mesmo com a idade avançada, fez questão de votar nas eleições desse ano para impedir o avanço do fascismo na política brasileira. 

Em dezembro do ano passado (2021), foi lançada em Penedo (AL), sua terra natal, a sua biografia com o título “Toinho Pescador – Um poeta de Penedo”. A biografia escrita por Maria de Fátima Pereira de Sá e pelo próprio Toinho Pescador, traz informações sobre a vida do pescador, suas lutas em defesa do meio ambiente, em especial do Velho Chico, além de suas percepções sobre a vida. A publicação ainda traz trechos da obra lírica do poeta que já publicou alguns livros de poesia e retrata também a formação política de Toinho e o seu ativismo ambiental.

O encantamento de Toinho, atingiu a todos nós do CPP com muita tristeza. Sua sabedoria e firmeza de caráter, que o levaram a estar presente nas mais importantes lutas em defesa do rio São Francisco e dos pescadores e pescadoras artesanais dos últimos 40 anos, continuam a nos inspirar e a servirem de farol para as nossas ações. Com Toinho se vai todo o conhecimento de uma geração que revolucionou a atuação dos movimentos populares da pesca artesanal, inaugurando uma nova forma de reivindicar direitos, mas fica conosco o seu legado, o aprendizado e o carinho daqueles que conviverem com o seu lirismo e a sua sensibilidade.

Vá em paz Toinho, que o criador o receba em seus braços em todo o seu esplendor e que entorne sobre nós um pouco mais de poesia, para seguirmos nesse mundo que ficou mais triste sem os seus versos e sem a sua coragem!