Por Francisco Nonato - CPP Espírito Santo
O Conselho Pastoral dos Pescadores participou no dia de ontem (12/02) da reunião do Fórum Permanente em Defesa do Rio Doce, que aconteceu em Governador Valadares (MG). A reunião do fórum teve como objetivo fazer o balanço das lutas na Bacia do Rio Doce, avaliar o papel da Rede Igrejas e Mineração, além de socializar os desafios dos atingidos/as em garantir as assessorias técnicas para os seus territórios e a construção de agendas coletivas de Defesa da Bacia do Rio Doce.
Estiveram presentes na reunião do fórum as pastorais sociais, movimentos populares, universidades, pesquisadores, pescadores/as e pequenos agricultores, além dos representantes das 23 Comissões de Atingidos de Governador Valadares. Essas coletividades estão mobilizadas na defesa da vida e da garantia de direitos contra as violações e violências cometidas permanentemente pela Samarco, Vale e BHP. “Temos uma profunda crítica ao atual modelo de mineração que privatiza, destrói e mercantiliza a vida e os bens comuns”, afirma o agente do CPP no Espírito Santo, Francisco Nonato.
Durante o encontro, os atingidos e atingidas relataram os impactos que ainda permanecem em seus territórios e que alteraram seus modos de vida, principalmente a economia familiar. Nesse sentido, diversas falas apontaram que as enchentes que ocorreram em Governador Valadares e nas regiões atingidas pelo crime, foram diferentes das anteriores, pois o grande volume de lama foi o diferencial nessas enchentes.
As enchentes dos últimos dias demonstraram a urgência de se recuperar o Rio Doce e responsabilizar as empresas pela violência e degradação do rio e da terra. Segundo os pescadores artesanais, a lama de rejeito continua descendo e continua o seu percurso de morte. “É preciso ações efetivas para o acompanhamento e intensificação de análises permanentes da água e das pessoas que estão em contato direto com a bacia”, avalia Nonato.
A atuação do Conselho Pastoral dos Pescadores do Regional Minas Gerais e Espírito Santo tem fortalecido os espaços de ações coletivas em torno da defesa dos direitos de todos e todas que foram atingidos e atingidas por esse crime sócio ambiental. “Nesse sentido, a construção permanente do Fórum é parte de nossa missão pastoral. Nossa ação na região atingida tem como objetivo fortalecer as lutas, as denúncias, articulações e conquistas das comunidades tradicionais pesqueiras. Estamos do lado das comunidades nas suas justas lutas pelo direito à vida e à saúde dos seus territórios”, defende Francisco Nonato.
“O fórum vai continuar sua luta e ampliar a agenda de atuação das diversas organizações que estão envolvidas nessa experiência de fé e vida por dignidade”, finaliza.