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Ranchos de pesca são incendiados na comunidade de Santo Amaro, em Sirinhaém (PE)

Esse é o terceiro incêndio causado aos ranchos de pesca da comunidade nesse ano (2024)

24-09-2024
Fonte: 

Assessoria de Comunicação do CPP | Fotos: Divulgação Comunidade de Santo Amaro

Quatro ranchos de pesca da comunidade de Santo Amaro, no município de Sirinhaém, no litoral sul de Pernambuco, foram queimados de maneira criminosa na madrugada dessa segunda-feira (23), destruindo embarcações e apetrechos de pesca. Essa é a terceira vez que a comunidade sofre com esse tipo de ataque. Em janeiro e em maio desse ano já haviam acontecido outros incêndios.

Ao contrário dos incêndios criminosos que têm acontecido por todo o Brasil e que têm queimado grandes extensões de mata, todos os três ataques sofridos pela comunidade ao longo desse ano, foram feitos diretamente aos ranchos de pesca dos pescadores, sem atingir nenhuma outra área. Na ocasião do incêndio, não havia ninguém nos ranchos de pesca, o que evitou consequências mais graves.

Os pescadores relatam os preocupantes prejuízos financeiros causados pelos incêndios. “Já houve 2 queimadas antes, em cada uma delas foram queimados 3 ranchos de pesca. Numa das queimadas chegamos a ter um prejuízo de mais de R$ 150 mil”, relata o pescador e membro da Associação Mangue Verde, Sebastião Gaspar. Sobre o incêndio recente, houve mais um grande dano. “Foi um prejuízo enorme, a gente não sabe avaliar nem o valor. Muitas famílias foram atingidas, porque são muitas famílias que sobrevivem da pesca aqui na região”, lamenta Gaspar.

Os ranchos de pesca ficam localizados no Engenho Tinoco, em terras pertencentes ao Ministro da Defesa do governo federal, José Múcio Monteiro, que doou as áreas temporariamente para a Associação Mangue Verde, onde foram construídos os ranchos de pesca dos pescadores e pescadoras artesanais. A comunidade diz ter uma boa relação com o político e está surpresa pela maneira como os incêndios estão acontecendo, já que nunca foram vítimas de ameaças anteriormente. “Nunca teve conflito aqui. Isso tem acontecido nas caladas da noite, sem a gente saber quem é ou quem foi. Ficamos de mãos atadas, porque não sabemos de que lado vem”.

Desde 2009 os pescadores solicitaram a criação de uma Reserva Extrativista (RESEX) no complexo estuarino do Rio Formoso, como forma de proteger o território e garantir os estoques pesqueiros. A criação da RESEX, no entanto, caminha em passos lentos. Após os ataques que aconteceram no mês de maio, os pescadores fizeram o registro do Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Sirinhaém. Ainda não houve nenhum retorno. A área também está localizada dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) Estadual de Guadalupe, mas até o momento nem a gestão da unidade, nem o órgão gestor, prestou nenhuma ação de acompanhamento às famílias.

“Isso está prejudicando muito as famílias que estão sendo afetadas, porque são muitas redes queimadas, muitas coisas, muitos prejuízos deixados para trás. E a gente, como os donos da rede, a gente não tem condições de investir no prejuízo que está acontecendo”, lamenta Gaspar.

Para o Secretário-executivo do CPP regional Nordeste 2, Severino Santos, que acompanha as comunidades pesqueiras afetadas, é preciso que as autoridades garantam a segurança dos pescadores e pescadoras artesanais.  “É inadmissível e inaceitável a manutenção desse quadro de violência e riscos à comunidade pesqueira de Santo Amaro. Reivindicamos que as autoridades competentes garantam a investigação dos incêndios e as medidas necessárias para assegurar a integridade dos pescadores e dos ranchos de pesca”, defende Santos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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