Assessoria de Comunicação do Observatório da Pesca Artesanal
A tarde do dia 25 de abril de 2022 entrou para a história da Pesca Artesanal no Brasil. Dezenas de pescadoras e pescadores de diversas partes do país participaram do lançamento das plataformas digitais do Observatório da Pesca Artesanal, que foi realizado no Centro Cultural de Brasília (CCB). Além disso, o evento contou com a presença de pesquisadores, profissionais da saúde e representantes de instituições, que colaboraram com a construção de um site e um aplicativo, que visam contribuir com a auto-organização dos pescadores(as), possibilitando mobilizações, apoio e mais visibilidade social e política às lutas, desafios e oportunidades da pesca artesanal.
O lançamento das plataformas do Observatório da Pesca Artesanal começou pontualmente às 14h30, com transmissão online via canais no Youtube do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP). A abertura ficou por conta de uma mística realizada por integrantes do MPP e do CPP, e a condução da atividade foi empreendida por Camila Batista e Florivaldo Rocha. Eles comentaram como se deu o surgimento do Observatório da Pesca Artesanal, que é resultado de outro observatório, o Observatório da Pandemia da Covid-19, criado em março de 2020.
“Nesse espaço foi compartilhado, além dos casos de COVID e dos impactos da pandemia, todos os impactos socioambientais, socioculturais e socioeconômicos, que as comunidades estavam vivendo naquele período. Impactos que já vem sendo somatizados desde a chegada dos grandes empreendimentos e que também foram muito impulsionados pela chegada do petróleo. E o Observatório se tornou esse espaço onde todos esses agravos eram compartilhados e se tornou mais forte porque os pecadores de todos o país começaram a fortalecer esse espaço com essas informações e hoje o Observatório da Pesca Artesanal se configura como instrumento de luta” ressaltou Camila Batista. Do mesmo sentimento destacou o professor e médico Paulo Pena: “”Esse observatório sobre os impactos da pandemia da COVIDA-19 trouxe um momento de sofrimento, mas também da soma de esforços e isso levou também a necessidade de ampliação do mesmo”, disse.
Após a acolhida e apresentação inicial, formou-se uma mesa composta por Ormezita Barbosa, do CPP; Nilmar Conceição, do MPP; Naína Pierre da Universidade Federal do Paraná e Rodrigo Montaldi do Fundo Casa Socioambiental. Na ocasião, cada convidado(a) destacou a importância do Observatório da Pesca Artesanal e de suas plataformas digitais. “Eu estou muito emocionada e para mim é uma verdadeira honra acompanhar a luta da comunidade da pesca artesanal. O site é uma janela para a sociedade e o aplicativo é uma resposta política forte à tentativa permanente que o governo tem de invisibilizar essa categoria”, defendeu Naína Pierre.
Já para Ormezita Barbosa, o lançamento das plataformas digitais do Observatório da Pesca Artesanal representa um momento valioso para a comunidade da pesca artesanal. “É importante não só porque lançamos duas plataformas tão significativas para a pesca artesanal, mas também porque hoje a gente faz uma memória da trajetória histórica dos pescadores e pescadoras artesanais pelo direito de existir, pelo direito de serem reconhecidos, pelo direito de serem visibilizados. Esse encontro não é a finalização de um projeto, ele parte de uma caminhada que começou antes de nós”, disse emocionada.
A apresentação do aplicativo de automonitoramento e do site do Observatório ficou sob a responsabilidade de Laís Cristina Alvares (agente do CPP de Minas Gerais) e de Juliana Dias (jornalista e assessora de comunicação do Observatório), respectivamente. Cada uma explicou o funcionamento de cada plataforma e como ambas vão apoiar os(as) pescadores(as) no automonitoramento da produção de pescado por parte dos pescadores artesanais e a visibilização da produção da pesca artesanal no país.
Na sequência, as pescadoras artesanais Rita de Cássia (Macau/RN) e Lucilia Freitas (Remanso/Bahia), juntamente com o pescador artesanal Clarindo Pereira (Buritizeiro/Minas Gerais), que já fazem o automonitoramento da produção do pescado em suas comunidades. “Muitos de nós já vem fazendo o automonitoramento de forma manual, como uma forma de organização. Somos profissionais das águas, vivemos delas e temos essa reponsabilidade de registrar e mesmo monitorar nossa produção. Esse registro é muito importante, mas não para provar que sou pescador, para provar que a pesca artesanal é digna e que nosso território é digno, e esse automonitoramento serve de proteção para o nosso território. Vamos fazer agora de forma digital, de maneira prática, aprendendo a usar as plataformas para que possamos provar nossas condições enquanto pescadores individual e coletivamente, provando que a pesca artesanal tem que ser preservada, porque ela pode contribuir para a sustentabilidade alimentar e nutricional”, salientou Clarindo Pereira.
O aplicativo de automonitoramento já está disponível para uso e a serviço da pesca artesanal, dos pescadores e das pescadoras de todo o Brasil.
Confira como foi o lançamento na íntegra através do vídeo abaixo: