O Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB NE2) deu início ao mapeamento do litoral entre os Estados de Alagoas e do Rio Grande do Norte. O objetivo é localizar possíveis pontos para a instalação dos chamados parques aquáticos para produção energética.

 

De acordo com os pescadores, há uma movimentação de governos e do setor privado para a implantação de placas fotovoltaicas e turbinas eólicas no mar. Apesar de serem considerados sistemas de produção de energia limpa e renovável, a pastoral diz que esses parques provocam um impacto significativo sobre a fauna, sobretudo os que geram energia a partir dos ventos.

 

Os agentes do CPP relatam que o funcionamento das turbinas eólicas não só no litoral, mas em algumas regiões também do sertão, provocaram a fuga de cardumes de peixes. Outro impacto foi a remoção de famílias inteiras para outras regiões muitas vezes distantes dos locais de pesca.

 

“Tem aumentado a movimentação de navios para estudos que viabilizem a implantação desses parques aquáticos. Ao mesmo tempo, já tem políticos se mobilizando para afrouxar as leis ambientais para aumentar a produção de energia. Tudo isso está acontecendo sem a participação das comunidades que, com certeza, serão as mais afetadas”, afirmou o secretário-executivo do conselho regional da Pastoral dos Pescadores da CNBB NE2.

 

O tema foi debatido na terça (11) e quarta (12) durante a Assembleia Regional do CPP. Realizado no Recanto dos Pescadores, em Olinda (PE), o evento, que foi dedicado às novas matrizes energética, também discutiu os possíveis impactos da energia nuclear no território do regional.

 

O Governo Federal tem um projeto para a implantação de uma usina nuclear com seis reatores às margens do Rio São Francisco, na cidade de Itacuruba (PE). A criação da fonte atômica de energia foi sinalizada no Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

 

Em março, os pescadores voltarão a se reunir, mas dessa vez em Natal e em um seminário com a participação de diversas organizações da sociedade civil para ampliar a discussão sobre o assunto. A expectativa é de que a partir do encontro seja criado o planejamento para acompanhar todas as ações referentes às matrizes energéticas no regional.

 

Na primeira Assembleia Regional da Pastoral dos Pescadores da CNBB NE2, após o derramamento de óleo que atingiu as regiões Nordeste e Sudeste, os agentes relataram dificuldades para retomar a rotina. Descoberta em setembro, a tragédia ambiental ainda causa prejuízos a quem vive da pesca.

 

“Depois daquela lambança do poder público de proibir e, em seguida, liberar o consumo peixe, e do silêncio da mídia, a sociedade ficou com medo de comprar os pescados. Melhorou um pouco se compararmos com o fim de setembro, mas a recuperação está sendo lenta”, disse Tavares.

 

A Pastoral dos Pescadores da CNBB NE2 está com um novo regimento interno. O conjunto de normas para o bom funcionamento do serviço foi debatido e aprovado no último dia da assembleia, quinta (13).

 

O dispositivo foi adequado às diretrizes utilizadas pela pastoral em âmbito nacional. “O novo regimento tornou mais clara o funcionamento das equipes de base e também como proceder com esses grupos nas paróquias”, explicou Tavares.