Por assessoria de comunicação do CPP Nacional
“Mulher, sai dessa cozinha e vem ocupar o teu lugar”. Com esse canto, iniciaram-se hoje os debates do IV Encontro da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), que acontece em Pontal do Paraná/PR e vai até a próxima sexta-feira. A primeira manhã do evento fez uma memória da história da ANP e enfatizou sua importância para a conquista dos direitos das pescadoras e a superação do machismo e do preconceito no mundo da pesca e na sociedade.
A desvalorização das mulheres causada pelo machismo na população também atinge as pescadoras que são invisibilizadas e com isso, muitos de seus direitos são negados ou chegam com muito atraso em relação às conquistas dos pescadores. “Nós só conseguimos o direito à aposentadoria em 1993, e isso depois de muita luta. Antes, esse direito só era dado aos nossos companheiros, pois o Estado não reconhecia nosso trabalho. E, ainda assim, ainda temos dificuldade em acessar essa aposentadoria”, relatou a pescadora de Pernambuco e militante da ANP, Joana Mousinho.
Segundo Joana, por muitos anos as pescadoras lutaram para conquistar políticas, mas nunca eram ouvidas. Nas conferências nacionais de pesca e aquicultura, promovidos pelo governo federal a partir de 2003, as mulheres começaram a se organizar de forma mais articulada, o que resultou, em 2006, na Articulação Nacional das Pescadoras (ANP). “O surgimento da ANP surgiu da força de vontade das pescadoras, nós tivemos que nos impor diante de um meio dominado pelos homens, formulamos nossa carta de fundação, com nossos princípios e bandeiras de lutas, começamos nossos encontros nacionais e mostramos nossa capacidade de nos articularmos e pressionarmos o Estado para conquistar nossos direitos”, declarou uma das participantes.
Com a releitura da história da ANP, ficou clara a sua importância para o protagonismo das mulheres pescadoras na luta pelos seus direitos. As participantes passaram a relatar denúncias de opressões que passam por serem mulheres e como o engajamento na ANP as ajuda a superar e a lutar contra esse tipo de violência.
“Mulher pescadora pode chegar lá!”, a mensagem cantada encerrou os primeiros momentos da ocasião. Os próximos dias serão de mais debates; haverá a estruturação de estratégias de luta para garantir os direitos previdenciários e a saúde de qualidade para as pescadoras, foco do Encontro desse ano. Além disso, serão discutidos os próximos passos da ANP, como fortalecer a organização e suas bandeiras de luta, e elencadas as prioridades para os próximos anos.