Criatividade na ação pastoral e debate sobre sustentabilidade indicam o caminho que o CPP quer seguir
Assessoria de Comunicação do CPP
Foi encerrada na tarde de sexta-feira (01) a Assembleia Nacional do CPP, no Recanto do Pescador, em Olinda (PE). A manhã do último dia foi reservada aos debates das políticas de Sustentabilidade e de Voluntariado do CPP, que estão em processo de construção e diálogo dentro da instituição. As reflexões devem seguir agora para os regionais da pastoral.
Uma missa de envio celebrada pelo presidente do CPP, o bispo da Prelazia de Tefé (AM), D. José Altevir, serviu para finalizar os cinco dias de encontro que tinha o objetivo de analisar a conjuntura política nacional e internacional, além de avaliar e planejar as ações executadas pela pastoral no ano de 2024. No mesmo dia ainda foi aprovada uma moção de apoio ao Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson, por conta dos ataques da extrema direita que o bispo tem sofrido por ter defendido a Campanha da Fraternidade 2024.
"A Assembleia Nacional do CPP foi encerrada com um sinal de grande alegria e de esperança. Foi uma Assembleia de planejamento, de avaliação, mas também foi uma Assembleia de reatar cada vez mais a comunhão entre os irmãos e irmãs de caminhada. De modo que, ao sairmos desta Assembleia, estamos convictos que o novo caminho está recomeçando. O caminho com mais força, com mais ânimo, mais sólido, um caminho mais marcado pela esperança, sabendo que nós, como irmãos e irmãs de caminhada, nós temos uma missão muito grande a ser vivenciada. Pescadores e pescadoras. Eles aguardam por nossa presença e eles contam com a nossa ajuda", analisa Dom Altevir.
Na Assembleia ainda foi feita uma homenagem à importantes nomes que colaboraram para a fundação e consolidação do trabalho do CPP ao longo dos 55 anos de existência da pastoral. Uma missa fez memória do fundador da pastoral dos pescadores, Frei Alfredo Schnuettgen, do ex-secretário executivo, Bernardo Siry, de Ir. Nilza Montenegro e do ex-presidente do CPP, D. José Haring, ofm.
Durante a celebração, agentes do CPP reuniram-se para homenagear aqueles cujas contribuições foram fundamentais para a construção e consolidação do Conselho ao longo dos anos. A presença no Convento de Santo Antônio, um local simbólico para a história da pastoral, reforçou o compromisso do CPP em preservar a memória dos irmãos e irmãs visionários que moldaram o caminho da pastoral.
Conjuntura política, eclesial e sinodalidade são debatidos
As análises de conjuntura política identificaram o avanço do capitalismo como uma ameaça às comunidades pesqueiras. Influências das políticas do norte global tem impactado no sul global, como a Guerra da Ucrânia que tem incentivado a expansão das usinas eólicas no nordeste para a produção de Hidrogênio Verde, ameaçando assim os territórios dos pescadores e pescadoras artesanais.
“A relação entre norte e sul global faz com que os interesses dos capitalistas do norte global, fluam para as disputas territoriais no sul do globo”, reflete Cristiane Faustino do Instituto Terramar. Cristiane defende que a conquista de direitos trouxe como consequência o aumento da extrema direita. “As mulheres e a população negra avançaram no ponto de vista dos direitos e por isso há uma reação a esse processo, com o crescimento da extrema direita e da violência contra os corpos”, aponta.
Já Ormezita Barbosa fez um panorama sobre o contexto das políticas públicas para a pesca artesanal. Ela também demonstrou preocupação com as políticas para as mudanças climáticas. “Houve o agravamento das mudanças climáticas e há a inexistência de medidas e políticas que pensem a partir das origens das mudanças climáticas. Temos que pensar políticas que não fiquem restritas a distribuição de auxílios emergenciais”, pontua.
Roberto Malvezzi, na análise de conjuntura eclesial, defendeu a manutenção da metodologia utilizada pelas pastorais sociais. “A metodologia da Teologia da Libertação é a de querermos que o povo se organize, seja sujeito da sua história para conseguir a sua emancipação. Nós não podemos renunciar a essa metodologia de ter proximidade com o povo, de promover o trabalho de organização e conscientização”, defende.
Os participantes da Assembleia também se dividiram em grupos de trabalho para debaterem e aprofundarem no relatório síntese “Uma Igreja Sinodal em Missão”, construído na XVI Assembleia Geral Ordinário do Sínodo dos Bispos. A ideia é que seja construído um documento sobre o entendimento do CPP sobre a Igreja Sinodal.
Troca de experiências e construção das ações para 2024
Experiências exitosas de trabalho pastoral foram compartilhadas pelos participantes da Assembleia Nacional do CPP durante o segundo e terceiro dias do encontro. O objetivo das partilhas foi conhecer as experiências que estão sendo realizadas em outros regionais, aprender com os êxitos e as dificuldades enfrentadas e assim inspirarem o trabalho que é realizado na base com as comunidades pesqueiras.
Cada um dos 8 regionais ficou responsável por apresentar uma experiência, relatando os aprendizados, os problemas enfrentados e as conquistas obtidas pelos projetos. O momento chamado de “Afluente da Memória” foi assessorado por Adriano Martins, do Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais (CAIS). “Ações concretas estão sendo desenvolvidas e a nossa tarefa é construir aprendizados. O nosso exercício é o de olhar com curiosidade, de maneira amorosa, mas também crítica”, sugeriu Adriano.
Na ocasião também foram apresentados os levantamentos das atividades realizadas pelas Secretarias durante o ano de 2023. Em seguida os participantes tiveram a oportunidade de fazerem propostas para o trabalho que é desenvolvido pelo CPP Nacional e planejar as ações para o ano de 2024.
"Estamos aqui nessa Assembleia do CPP nos confraternizando e ao mesmo tempo buscando nas atividades se capacitar cada vez mais para trabalhar em nossos regionais. Este trabalho de base tem que ser feito e é aqui que a gente busca o conhecimento para as ações que temos que fazer para esse trabalho continue. A Instituição pastoral é que nos dá essa base. É um grande momento de Confraternização, onde a gente encontra os amigos que já passaram por aqui, conhece outros amigos novos, assim a gente vai caminhando. Na certeza de que em comunhão com a Igreja, a gente nos fortalece e também fortalece os nossos irmãos e irmãs pescadores e pescadoras", finaliza a agente de pastoral, Regina Meura do Regional Sul