Na tarde de quarta-feira, 28 de fevereiro, o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) realizou uma emocionante celebração no Convento de Santo Antônio, na cidade do Recife, Pernambuco. O evento reverenciou a memória dos construtores da história do CPP: Frei Alfredo Schnuettgen, Irmã Nilza Montenegro, Dom José Haring e Bernardo Siry. A missa ocorreu no mesmo local onde está o túmulo do Frei Alfredo, fundador do CPP, proporcionando um momento de profunda gratidão e renovação da mística que guia a missão da pastoral.

A celebração eucarística foi presidida por Dom José Altevir, bispo da Prelazia de Tefé e presidente do CPP, e concelebrada por representantes da província local da Ordem Franciscana Menor, da qual Frei Alfredo fazia parte, também esteve presente o vigário geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, Pe. Josivaldo Bezerra, que representou o arcebispo Dom Paulo Jackson. Além de padres e diáconos que fazem parte do CPP.

A homilia do bispo trouxe à memória algumas das ações desenvolvidas pelas pessoas homenageadas. “A missão do CPP deve ser continuada com fidelidade. Em 1968 Frei Alfredo iniciava o trabalho com os pescadores da praia do Rio Doce. Uma das primeiras ações de Frei Alfredo foi tirar os pescadores da mão dos atravessadores. E nós sabemos que isso até hoje acontece”, relatou o bispo.

Durante a celebração, agentes do CPP reuniram-se para homenagear aqueles cujas contribuições foram fundamentais para a construção e consolidação do Conselho ao longo dos anos. A presença no Convento de Santo Antônio, um local simbólico para a história da pastoral, reforçou o compromisso do CPP em preservar a memória dos irmãos e irmãs visionários que moldaram o caminho da pastoral.

Memória para manutenção da mística profética

A cerimônia trouxe ainda a dedicação de Ir.  Nilza Montenegro, da Congregação das Irmãs de Santa Dorotéia da Frassinetti, e que se dedicou no auxílio às comunidades da pesca artesanal, especialmente as mulheres "pescadeiras", como preferiam ser chamadas. Seu trabalho resultou na organização da categoria e na luta por direitos sociais, culminando no reconhecimento oficial da profissão de pescadora artesanal pelo Estado brasileiro em 1979.

A presença dos familiares de Bernardo Siry na homenagem acrescentou um significado especial, considerando sua atuação como secretário executivo do CPP por 16 anos. Esse acolhimento reforçou a mística e resgatou a memória da luta histórica em prol dos pescadores e pescadoras artesanais.

“O meu pai amava trabalhar com as pessoas, ele não tinha distinção de ninguém. Eu perdi um pai, um amigo, mas também uma pessoa que inspirou tantas outras pessoas. Eu agradeço a todos essa oportunidade de falar um pouco dele  e agradeço também essa homenagem que fizeram. Muito obrigada a todos e a todas!!”, falou emocionada a filha de Bernardo Siry, Anne Siry.

A trajetória de Dom José Haring, também franciscano da Ordem dos Frades Menores, que nos deixou em 24 de dezembro do ano passado, foi relembrada. Bispo emérito de Limoeiro do Norte (CE) e presidente do CPP de 2002 a 2017, sua presença foi marcada por uma condução profética, vibrante e solidária na animação pastoral.

“É morrendo que se vive para a vida eterna”

Ao término da missa, os participantes, em uma solene procissão, foram conduzidos ao túmulo de Frei Alfredo. Ali, dedicaram suas preces, depositaram flores e velas, e entoaram a Oração de São Francisco, unindo-se aos freis residentes no convento. Esse momento emblemático encheu os corações dos agentes, que se depararam com a tangibilidade do trabalho pastoral, transcendendo gerações e perpetuando a luta pela libertação dos povos.

A tarde foi marcada pela reflexão sobre a importância destes irmãos e irmã, cujo legado continua inspirando a missão do CPP na busca por justiça e solidariedade para as comunidades pesqueiras. Ao renovar a mística que fundamenta a atuação do Conselho, a celebração reforçou o compromisso dos agentes pastorais em seguir adiante, guiados pela luz e sabedoria daqueles que dedicaram suas vidas ao serviço dos mais vulneráveis.