Notas, cartas e manifestos

Nota-manifesto do CPP sobre as eleições: Escolhemos a democracia e o amor!

Tipo de publicação: 
Canabrava barco

 

Em Nota, o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) repudia as declarações e manifestações de ódio realizadas pelo candidato à presidência que incitam o ódio, o racismo e o fascismo. O CPP critica também a proposta de eliminação dos ministérios e autarquias responsáveis pelas questões ambientais, que segundo a pastoral, tem por objetivo "implantar projetos sem responsabilidade com os bens comuns e as comunidades tradicionais".

Na nota, a pastoral ainda conclama a sociedade para que no 2º turno das eleições, no próximo dia 28 de outubro, sejam observados os princípios do Evangelho de Jesus, "que se fundamenta no amor, no respeito às diferenças, no protagonismo das mulheres, na promoção da igualdade e do diálogo, no compromisso incondicional com os mais pobres".

Confira a nota na íntegra!!!

 

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Escolhemos a democracia e o amor!

“O Amor não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor... 

não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade” - I Cor 13, 5-6

O Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) vem a público manifestar sua preocupação e denúncia frente ao contexto das eleições presidenciais em curso. 

Repudiamos a onda de ódio, fascismo, racismo e xenofobia propagada pelo candidato militar de extrema direita que, claramente, prega a eliminação dos contrários, o uso da força, da mentira, do ódio e do terror junto a grupos que, historicamente, vivem em situação de insegurança e vulnerabilidade, como é o caso das comunidades tradicionais pesqueiras.

Os pescadores e pescadoras artesanais que tem, em sua maioria, origem negra e indígena, são grupos alvo de ataques da violência propagada por esse candidato. As comunidades pesqueiras com seus territórios ricos em biodiversidade, conservam grandes reservas de minérios, principalmente a água, e por isso são centros de interesses capitalistas que cobiçam essas áreas para implementação de grandes projetos que só visam o lucro de uma minoria, como os projetos de infraestrutura, mineração, agro e hidro negócio, que tem resultado em violência e expulsão de famílias e comunidades inteiras. O avanço destes ataques tem sido repetidamente explicitado na campanha do referido candidato.

Ouvimos com preocupação e indignação a fala do candidato de pôr fim às unidades de conservação já implantadas e inviabilizar a implantação de novas áreas. Tal medida ataca, de forma frontal, o direito de permanência das comunidades tradicionais em seus territórios e a conservação dos recursos naturais. 

É inadmissível a proposta de eliminação dos ministérios e autarquias responsáveis pelas questões ambientais, visando implantar projetos sem responsabilidade com os bens comuns e as comunidades tradicionais.  Do mesmo modo, serão fragilizadas as autarquias responsáveis pela regularização fundiária. Soma-se a isso, defesa da tortura, disseminação das armas de fogo e promessa da volta dos militares e suas atrocidades ao governo. Tudo isso tende a gerar mais pobreza e conflitos no campo, elevando o número de assassinatos que aumenta a cada ano.

Externamos nossa solidariedade a todos e todas as organizações que estão sendo atacadas de forma covarde, especialmente, o CIMI1  e a CNBB2 . A estas organizações, a nossa mais profunda admiração e reconhecimento pelo compromisso profético de anúncio do Evangelho e promoção do diálogo, da justiça e da igualdade, enquanto Igreja comprometida com o Reino de Deus entre nós. 

Em fidelidade à nossa missão evangélica, na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, posicionamo-nos contrários à esta candidatura que fere e ameaça direitos historicamente conquistados, com campanha preconceituosa, que incita maldade e até mesmo o extermínio dos diferentes rostos brasileiros que somos. Repudiamos, veementemente, este modo de fazer campanha política que, ao invés de promover diálogo, acirra a violência, o ódio e viola os direitos humanos. Alertamos e denunciamos o risco que esta campanha impõe à democracia no nosso país. 

Conclamamos a sociedade para que, no 2º turno das eleições, no próximo dia 28 de outubro, sejam observados os princípios do Evangelho de Jesus, que se fundamenta no amor, no respeito às diferenças, no protagonismo das mulheres, na promoção da igualdade e do diálogo, no compromisso incondicional com os mais pobres. Assim, consideramos que o candidato Haddad é a única opção disponível nesse pleito eleitoral, em condições de restabelecer a democracia e instalar um ambiente democrático possível para que possamos seguir nossa luta em favor da justiça social.

Seguimos irmanados, com esperança e confiança de que o AMOR vencerá o ódio e que juntos e juntas vamos celebrar a festa da vida e da democracia.

Brasília, 26 de Outubro de 2018. 

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  1 Conselho Indigenista Missionário

  2 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil