Em Nota, o CPP manifesta apoio à Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021, que tem sido alvo de graves ataques de grupos conservadores. O documento também faz a defesa da Pastora Romi Benck, outra vítima dos ataques, e aponta que as críticas à campanha são sinal do "adoecimento da sociedade brasileira e de como a política do ódio e da intolerância tem provocado ataques a pessoas e instituições que historicamente contribuem na construção de uma cultura de paz e diálogo".
A Nota ainda aponta o agravamento da crise econômica, social, sanitária e ambiental como responsáveis pelo favorecimento de um ambiente violento, "onde a política do ódio tem se tornado lei". Ao final, a pastoral reitera o compromisso de contribuir com a Campanha da Fraternidade, na construção, mobilização e articulação nos regionais, equipes locais do CPP, paróquias e comunidades.
Confira a nota na íntegra, logo abaixo ou acesse aqui:
MENSAGEM DE APOIO DO CPP À CAMPANHA
DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2021
“Cristo é nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade’’ (Ef 2, 14)
O Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) manifesta total solidariedade e apoio ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), organizações que têm sido vítimas dos ataques que a Campanha da Fraternidade (CF) Ecumênica tem sofrido de grupos intolerantes religiosos, durante esse ano (2021).
A Campanha da Fraternidade de 2021, cujo tema escolhido foi “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amar” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef.2.14), teve seu texto-base construído pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). Esse esforço de unidade e construção de diálogo entre os cristãos tem sido alvo de ataques diariamente, com notícias falsas circulando em diversas redes sociais.
Os ataques direcionados à CNBB e ao CONIC é um profundo raio x do adoecimento da sociedade brasileira e de como a política do ódio e da intolerância tem provocado ataques a pessoas e instituições que historicamente contribuem na construção de uma cultura de paz e diálogo.
Estamos vivenciando uma realidade em que o projeto de morte está em curso no país, contrariando os ensinamentos evangélicos da irmandade, comunhão, paz e acolhimento. O agravamento da crise econômica, social, sanitária e ambiental tem provocado um ambiente violento, onde a política do ódio tem se tornado lei.
Atravessamos uma pandemia que deixa muitas marcas no Brasil e no mundo, muitas vidas perdidas devido à ausência de uma política nacional de combate a Covid-19. O Brasil chega a triste marca de 237.489 mortos, num contexto onde falta oxigênio e principalmente um planejamento de enfrentamento a pandemia e de promoção de uma campanha nacional de vacinação. A situação se agrava principalmente para as populações vulnerabilizadas que tiveram o auxílio emergencial cortado. O país segue com uma das maiores taxas de desemprego, com o aumento do trabalho precarizado e perdas de direitos históricos dos trabalhadores/as.
É nesse contexto de caos que a luz da profecia e do compromisso evangélico se apresenta enquanto alternativa, convidando a sociedade brasileira a refletir em torno da unidade e da construção de diálogos para superar as trevas e construir alternativas de paz e comunhão. Todos os anos, no período da quaresma, somos convidados pela CNBB a refletir as questões sociais com base no evangelho e na Doutrina Social da Igreja, através da Campanha da Fraternidade.
Com temas pensados a partir da realidade em que nós cristãos estamos inseridos, somos chamados a ser presença de Deus no meio do povo, principalmente dos mais pobres.
O CPP tem como vocação ser presença evangélica e profética nas mais diversas comunidades tradicionais pesqueiras, e enquanto parte da Igreja, é fiel aos ensinamentos evangélicos. Por isso estamos em profunda comunhão com a CNBB e seu papel em fortalecer a missão evangelizadora, criando esforços para o diálogo. Acreditamos que a CF é uma riqueza da Igreja no Brasil que possibilita a construção de ações de solidariedade e que provoca debates e reflexões necessárias na sociedade brasileira.
Nesse sentido, repudiamos todas as formas de ataques à Pastora Romi Benck e à equipe do CONIC responsável pela elaboração do texto-base da campanha, que é expressão do diálogo na diversidade, com o objetivo comum de servir a Jesus Cristo, sendo presença profética e evangélica entre seu povo. Ao mesmo tempo, nos comprometemos com a construção do ecumenismo e do diálogo inter-religioso como um dos elementos importantes para a construção da paz e da busca de vida em abundancia e sem exclusões para todos e para todas.
Por fim, assumimos o compromisso de contribuir na construção, mobilização e articulação da Campanha da Fraternidade em nossos regionais, equipes locais do CPP, paróquias e comunidades.
Olinda/PE, 13 de fevereiro de 2021.
Conselho Nacional do CPP