O Estado Democrático de Direito tem por prerrogativa a liberdade de imprensa plena. Os movimentos sociais, a luta por igualdade e justiça social, e a defesa dos direitos das comunidades tradicionais, como as comunidades pesqueiras artesanais precisam de uma comunicação livre que utilize das ferramentas disponíveis como projeto de transformação da sociedade. A liberdade é degrau fundamental para a libertação dos povos, onde todos possam desfrutar dos direitos básicos de alimentação, teto, terra e trabalho.
Uma imprensa livre é semente para a conscientização acerca dos problemas sociais e o caminho para engajamento das massas nas emergências dos pobres. Os meios de comunicação podem expor as desigualdades, destacar as violações, amplificar as vozes e acabar com o silêncio imposto por décadas para determinadas camadas sociais.
Papel da imprensa é criar consciência coletiva sobre as injustiças e mobilizar a opinião pública para a mudança. A visibilidade proporcionada pela comunicação dá voz às comunidades tradicionais, permitindo que suas histórias sejam contadas e suas demandas sejam ampliadas e ouvidas.
Outro ponto é a democratização dos meios de comunicação, papel fundamental na promoção de uma sociedade mais justa e igualitária. A concentração de propriedade dos meios de comunicação em mãos de poucos poderosos e ricos pode levar a uma representação limitada de vozes e perspectivas, restringindo a diversidade de opiniões e a pluralidade de ideias.
Através da democratização dos meios de comunicação, busca-se garantir que comunidades tradicionais e indivíduos sub-representados tenham acesso aos meios de produção da informação para expressar suas necessidades, demandas e aspirações. Contribuição para a inclusão, onde todos possam participar plenamente do debate e da tomada de decisões.
As ameaças ao território e ao modo de vida das comunidades pesqueiras artesanais, por exemplo, por meio da liberdade de imprensa encontram espaço de denúncia e busca por ajuda e justiça. Assim como, a divulgação de seus trabalhos, produção e tradições, a comunicação é terreno para semear a paz e edificar pontes entre camadas sociais tão distantes e diversas.
Na Igreja Católica, sobretudo, nas pastorais sociais, como instituição que defende os direitos humanos e reconhece o Cristo na face dos mais necessitados, a liberdade de imprensa é caminho de libertação e iluminação. A Igreja pode usar os meios de comunicação como voz dos oprimidos e promoção da predileção pelos pobres, os favoritos de Cristo no Evangelho. Tudo isso, passa na luta pela erradicação da pobreza, proteção do meio ambiente e o combate à discriminação e a morte de pessoas.
Muitas vezes, a liberdade de imprensa constrange e incomoda os poderosos, por isso, tantas tentativas de silenciar os profissionais de comunicação que dedicam suas vidas para ecoar as vozes que nunca são ouvidas e difundir as informações e mensagens que, historicamente, são barradas pelos opressores.
Por fim, a liberdade de imprensa desempenha papel crucial na atuação dos movimentos e pastorais sociais, pois servem de ferramenta na luta por igualdade e justiça social, e na defesa das comunidades tradicionais, como as comunidades pesqueiras artesanais, e os povos originários. Fortalece a democracia, permite a visibilidade dos povos, evidencia a mensagem libertadora de Jesus, e grita pela vida de tantos que em busca de teto, trabalho e comida.
Que neste dia da liberdade de imprensa, ninguém tente calar os microfones, vídeos, fotografias, textos, gravadores e computadores, muito menos os homens e mulheres que tecnicamente entregam seus ofícios na luta por dignidade e na construção de uma comunicação transformadora e inquietadora da sociedade.