Serviço Pastoral do Migrante
Em carta-manifesto, o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) denuncia a política migratória dos Estados Unidos e presta solidariedade aos 70 religiosos que foram presos no Salão Oval do prédio do Senado americano, em Washington (EUA), no dia 18 de julho, logo após uma manifestação contra a política de migração americana.
Na carta, o SPM ainda faz críticas a política anti-migratória europeia que lançou ao mar Mediterrâneo, no dia 25 de julho, quase 200 migrantes. “Diante de toda esta realidade que aflige famílias migrantes e pessoas refugiadas, externamos nossa indignação frente à criminalização da solidariedade. Unidos e unidas à Igreja-testemunho, que sofreu prisão por viver o amor de Cristo; unidos e unidas nos quatro verbos de nosso querido Papa Francisco: acolher, proteger, promover e integrar, rezemos e atuemos para que o mundo seja um lar para ‘os que vivem dispersos como estrangeiros’ (1Pe. 1,1b)”, defende o manifesto.
Confira a carta na íntegra, logo abaixo!
SPM - Serviço Pastoral dos Migrantes – Brasil – Denuncia violência e se solidariza com religiosos/as, presos/os, por defenderem famílias migrantes e pessoas refugiadas.
Nós do SPM – Serviço Pastoral dos Migrantes, de âmbito nacional, vinculada à CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, denunciamos aqui a política migratória do atual governo dos Estados Unidos, Donald Trump que prejudica pessoas imigrantes, refugiadas e requerentes de asilo, com centros de detenção na fronteira com o México, nos tratamentos desumanos, com deportações, separação das crianças, sem direito a defenderem-se em tribunal, em condições de risco de vida, presas em gaiolas e áreas cercadas.
A primeira economia mundial é uma nação de imigrantes e tem participação ativa dos mesmos, com sua força de trabalho, suas variadas culturas, nem sempre valorizadas e reconhecidas. Denunciamos também, que políticas de expropriação e empobrecimento na América Central e Caribe, apoiadas pelo Norte, produziram e seguem produzindo esfacelamento das economias locais e migrações forçadas. Denunciamos este gigantesco muro, colocado no lugar das pontes.
Nossa solidariedade aos 70 religiosos e religiosas algemadas e presas por participarem pacificamente da manifestação “Luzes por Liberdade”, no salão oval do Senado, em ato de desobediência civil, ao portar placas e citar nomes de crianças migrantes que morreram sob custódia do governo, ao ouvirem testemunhos dos pais, e ao deitarem-se no chão do Capitólio, em forma de cruz.
A presença de bispos mostrou que, na Igreja de Cristo, o pastor não abandona seu rebanho no momento difícil (Jo 10,11). Uma das religiosas presas, a Ir. Pat Murphy, de 90 anos, igualmente algemada por causa do Evangelho de Jesus Cristo Peregrino, o qual diz “Eu era imigrante e vocês me acolheram em sua casa” (Mt. 25,35b).
A mesma política anti-migratória lançou ao mar Mediterrâneo no dia 25 deste mês quase 200 migrantes. Fato que repudiamos e lamentamos. É urgente uma política migratória que acolha todos os seres humanos que veem como única saída à migração.
Fiéis ao Evangelho, acreditamos que nenhum ser humano é ilegal e que todos e todas somos portadores da mesma cidadania universal, e que em Cristo “não há diferença entre judeu e grego, entre escravo e homem livre, entre homem e mulher” (Gal 3, 28).
Diante de toda esta realidade que aflige famílias migrantes e pessoas refugiadas, externamos nossa indignação frente à criminalização da solidariedade. Unidos e unidas à Igreja-testemunho, que sofreu prisão por viver o amor de Cristo; unidos e unidas nos quatro verbos de nosso querido Papa Francisco: acolher, proteger, promover e integrar, rezemos e atuemos para que o mundo seja um lar para “os que vivem dispersos como estrangeiros” (1Pe. 1,1b).
Serviço Pastoral dos Migrantes.