Texto: Pe. Tiago Barbosa, Pascom Sul 1 da CNBB e 6ªSSB | Fotos: Nívea Martins, CáritasBr e 6ªSSB
Unidos pelo projeto popular "O Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos", ao som de “seja bendito quem chega trazendo a paz do Senhor”, 150 pessoas iniciaram hoje, dia 20, em Brasília–DF, o encerramento de todo o processo da 6ª Semana Social Brasileira (SSB).
O engajamento da 6ª SSB, iniciado em 2020, faz parte da ação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com as pastorais sociais, movimentos populares e organizações da sociedade civil.
Com a motivação “O Brasil que queremos; o bem viver dos povos” e o tema “Mutirão pela Vida – por Terra, Teto e Trabalho”, a sexta edição da iniciativa eclesial trata-se de uma mobilização ecumênica e inter-religiosa com abertura para a pluralidade, religiosa, cultural e étnica do país.
Reunidos no Auditório São João XXII, na Casa de Encontros Dom Luciano Mendes de Almeida, até a próxima sexta-feira, dia 22, multiplicadores da 6ª SSB dos Regionais e Organismos da CNBB, coordenadores das Pastorais Sociais, representantes do Dicastério do Desenvolvimento Humano e Integral do Vaticano, organizações e instâncias de igrejas irmãs, bispos, assessores das comissões episcopais da CNBB, movimentos sociais e populares, organizações da sociedade civil e política, e representantes do poder público, abriram o evento com ofertas de sementes e frutos dos quatro cantos do país em referência à “Terra”, dom do Criador, uma das temáticas que compõe o envolvimento da 6ª SSB.
RODA DE DIÁLOGO
“Experiência com as periferias, com povos originários e com as comunidades rurais”, destacou sobre o processo da 6ª SSB, em roda de diálogo no início do evento eclesial, dom José Valdeci Santos Mendes, bispo diocesano de Brejo–MA e presidente da Comissão Episcopal para a Ação Sociotranformadora (CEPAST) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Na abertura, o presidente da CEPAST afirmou “que o grande Mutirão nos fortalece e nos dá ânimo para caminharmos nesta perspectiva do bem viver! Somos chamados e chamadas a lutarmos juntos”. Retomando a motivação do Papa Francisco, em Carta aos Movimentos Populares, em 2020, ele salientou que “é possível desejar um planeta que garanta terra, teto e trabalho a todos”.
Dom José Valdeci disse que “o Mutirão deve ser um compromisso de inclusão com a vida humana e com toda a Criação. Que o desafio e a missão de valorizarmos a vida diante do descarte da opressão nos ajudem a entrar neste processo de solidariedade, que é a caridade política”, lembrando a afirmação de dom Pedro Casaldáliga, que foi bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia–MT, falecido em 2020.
Wellington Dias, Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, retomou o crescimento da miséria e da pobreza no país e enalteceu o trabalho da Igreja no Brasil em cuidar dos mais necessitados. “Podemos trabalhar juntos e qualificar as pessoas no campo e na cidade” para o empreendedorismo e para sair da carência.
Padre Avelino Chico, SJ, em nome do Dicastério do Desenvolvimento Humano e Integral, garantiu a proximidade e as orações do Papa Francisco “para o bom andamento do encontro e de seus frutos”. (LEIA a Carta do Papa Francisco por ocasião do Encerramento da 6ª SSB).
“A mobilização do processo de Mutirão, que requer encontro, foi feita de modo on-line sem perder o encanto”, afirmou Frei Olavio Dotto, assessor da CEPAST-CNBB, ao evocar que a pandemia da Covid-19 fez com que a SSB fosse repensada com a criatividade de todos os mobilizadores. O frade resgatou que o Mutirão é um grande processo instaurado nos dois movimentos de pensar o Brasil a partir da realidade de todos e de sonhá-lo para ser uma nação com oportunidades.
Sobre a movimentação da sexta edição da SSB, José Ricardo, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), disse que “o Mutirão para nós é confiar que não podemos soltar as mãos de ninguém, para que todos estejam integrados. É sentir com o povo e celebrar as conquistas neste processo! O Mutirão é expressão da solidariedade”.
Ainda na roda de diálogo, Gilberto Carvalho, Secretário Nacional da Economia Popular Solidária, do Ministério do Trabalho, disse que o trabalho popular “é necessário e fundamental para que a nossa janela não se fecha em vão”, afirmou o secretário ao destacar o método eclesial de ética e de valorização das bases na construção do processo das SSB´s a fim de que a sociedade nova sonhada por todos seja construída pelo governo e pelos movimentos populares.
Cátia Cardoso, assessora Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3, que compreende as dioceses da Bahia e do Sergipe, ressaltou o ‘calor’ humano na construção do Mutirão no contexto adverso da pandemia com o desemprego e a fome que conseguiu garantir a dignidade quando as carências chegaram às comunidades. “A articulação garantiu inúmeras possibilidades na defesa da vida concreta quando não tínhamos a vacina”, exemplificou Cátia, ao dizer da ‘escuta qualificada’ que o processo que a 6ª SSB proporcionou à Igreja e à sociedade brasileira.
As marcas da escravidão, ainda realidade no Brasil, foi lembrada pela secretária-executiva da 6ªSSB, Alessandra Miranda. Ao apresentar uma carta memória em vídeo, ela explicou que a constatação da escravização foi colhida nos mais de 200 mutirões que a SSB realizou país afora e gerou, como uma grande ‘ciranda’, liberdade a muitos povos e comunidades nos Regionais da CNBB.
Os bispos que integraram o processo da 6ª SSB, e aqueles que incentivaram o ideal nas dioceses, foram homenageados pelos multiplicadores no fechamento da mesa redonda.