Assessoria de Comunicação do CPP
Representantes do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) se reuniram na manhã de hoje (8) com o Secretário-geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, e com o assessor da Cepast-CNBB, Pe. Dário Bossi, na sede da instituição, em Brasília (DF). O encontro serviu para apresentar a Pastoral dos Pescadores, suas principais áreas de atuação e os principais problemas enfrentados pelas comunidades pesqueiras nas várias regiões do país.
“A missão do CPP é a de anunciar aos pescadores e pescadoras a força libertadora do evangelho, e através dele (evangelho), promover a transformação das estruturas geradoras de morte, de injustiça, tornando assim os pescadores e pescadoras agentes transformadores também da sociedade”, explicou o Presidente do CPP e bispo da Prelazia de Tefé, Dom José Altevir. “Não se trata só da pesca em si, mas também de todo o ambiente e de todo o território pesqueiro. Trata-se da pesca artesanal, que além de alimentar o nosso povo, preserva a natureza, o meio ambiente, os lagos, os mangues, os mares. A pesca artesanal leva a cuidar, porque exige um cuidado”, finalizou o bispo.
Relatos sobre algumas das ameaças que afetam o modo de viver dos pescadores e pescadoras artesanais foram compartilhados pelos representantes dos regionais com o Secretário Dom Ricardo Hoepers. “Como desafio, o que mais a gente tem dedicado parte da nossa atuação é na defesa do território pesqueiro, devido à intervenção e chegada de novos projetos e pelos impactos que eles têm causado nessas comunidades. São comunidades que despertam o interesse econômico de grandes corporações e os pescadores e pescadoras artesanais têm sofrido demais com a intervenção desses impactos e com a chegada desses empreendimentos nos territórios. Tem a mineração, tem o impacto da produção em larga escala da energia eólica, que além de ser produzida na terra, tem o risco de ter o mar como essa nova fronteira na produção. A produção de camarão em cativeiro, que é feito nos manguezais e aí causa a mortandade de pescado, de marisco, destrói os manguezais, que é um ecossistema muito importante para manter o clima equilibrado e garantir a vida nesses territórios tradicionais pesqueiros”, relatou Camila Batista, secretária-executiva do CPP Nordeste 1, que atua no estado do Ceará.
Os representantes também relataram as ameaças causadas pela especulação imobiliária e pelos grandes projetos de turismo, que têm desterritorializado as comunidades. Os impactos causados pelos agrotóxicos usados em grandes plantações comerciais, que em período de chuva poluem os rios e contaminam os pescados e as populações, são motivo de preocupação dos agentes de pastoral, em conjunto com os altos índices de contaminação de mercúrio nas bacias hidrográficas dos estados amazônicos, causados pela mineração. O agravamento das enchentes no Rio Grande do Sul, que colocam em risco a vida de várias comunidades pesqueiras, também foram tema da conversa.
Ao final do encontro, foram entregues ao bispo, publicações feitas pelo CPP e um poster com o cartaz do Congresso de 50 anos da Pastoral, que foi realizado em 2019. Dom Ricardo agradeceu e se colocou à disposição para colaborar para o que for necessário. “Esse foi o primeiro diálogo de outros que virão, depois podemos ver como fortalecer nos regionais esse trabalho, de maneira que a Comissão (Sociotransformadora) possa ser mais um suporte na formação dessa conscientização e na produção de material. O que a gente puder ajudar para levar boa informação é um grande passo e vocês estão nas bases. A capilaridade da Igreja é o que nos fortalece. Eu acho que é aí que vamos conseguir conscientizar o maior número de pessoas. Estamos à disposição”, finalizou.