Coletivo de Comunicação das Pastorais do Campo | Por Osnilda Lima | Foto: Mário Manzi
Centro de formação Vicente Cañas, Luziânia (GO). No centro do auditório, em forma espiral folhas secas, galhos, cabaças, frutas diversas, uma rede de pesca, uma rede de dormir, uma peneira com terra: símbolos que expressam o compromisso com os sujeitos aos quais as Pastorais do Campo atuam. Também, em destaque, frases da agenda comum do grupo: “Resistencia da cultura de povos e comunidades tradicionais. Recuperação das nascentes. Produção agroecológicas. Economia Solidária. Povos livres. Sínodo para a Amazônia”.
Sentados no formato meia lua, ouvidos e olhares atentos à mesa em que Isolete Wichinieski, agente da Comissão Pastoral da Terra em Goiás (CPT-GO) e o economista Guilherme Delgado iniciaram o debate do III Encontro Nacional da Articulação das Pastorais do Campo, que iniciou hoje (3) e vai até domingo (5). Participam representantes, cerca 50 agentes, das pastorais do campo e organismos da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que são: a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Cáritas Brasileira (CB), o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) e a Pastoral da Juventude Rural (PJR).
O debate foi pautado pelo atual contexto brasileiro, suas tendências e desafios, com destaque às questões socioambientais, econômicas, politicas, com especial atenção ao trabalho realizado junto aos povos e comunidades tradicionais. A discussão também enfocou a geopolítica internacional, a macro-política, as eleições nacionais e a temática do campo em geral.
Após a explanação do tema, em círculos menores, o debate foi intenso. Ao voltar para a plenária, os participantes interagiram com Isolete e Guilherme.
Entre os questionamentos levantados estão: a ausência de uma politica para a reforma agrária; a não demarcação das terras indígenas; crise política do país no atual contexto de ruptura democrática; a violência e o extermínio da população jovem, em particular a negra; a ausência da titulação das terras quilombolas; a venda das terras e todos os recursos naturais para o capital estrangeiro e o poder do agronegócio.
Diante desse cenário os participantes apontaram horizontes de resistência, como o fortalecimento das comunidades; potencializar articulações já existentes, a exemplo da Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão; olhar o processo para além da perspectiva das eleições deste ano; ter um olhar alargado; apostar numa pastoral libertadora de protagonismo, com atores efetivos e continuar lutando pela democracia.