Após 3 anos e meio, o crime do petróleo segue impactando a vida e o trabalho dos pescadores e pescadoras artesanais
Texto: Henrique Cavalheiro / Fotos: Pescadores e pescadoras artesanais
Novas manchas de petróleo foram encontradas neste sábado (4/3), por pescadores e pescadoras artesanais da comunidade do Cumbe, em Aracati (CE). Neste local, mais de 105 famílias retiram no mangue a pesca de mariscos e catam caranguejos, o que é a maior fonte de renda do local. Desde que as manchas apareceram, a população local iniciou o monitoramento diário das suas áreas, realizando a comunicação de cada nova ocorrência.
Ainda não se sabe se estas novas manchas são provenientes das mesmas amostras encontradas a partir do crime do derramamento de petróleo de agosto de 2019. Na situação, foram encontrados muitos rastros de petróleo na costa da região Nordeste e de dois estados do Sudeste (Espírito Santo e Rio de Janeiro). Até hoje, em 2023, as verdadeiras causas e os responsáveis pelo crime do petróleo não foram identificados. Muito menos punidos.
“Para nós é muito preocupante o aparecimento destas novas manchas, pois na primeira vez que este crime aconteceu, a comunidade do Cumbe e suas comunidades vizinhas ficaram sem suas rendas. O nosso marisco, e o próprio caranguejo, não tinha como ser comercializado, isso foi muito difícil. Não tínhamos demanda e para quem vender, até para se alimentar a gente tinha medo de se contaminar. Nós não tínhamos de onde tirar nosso sustento, pois ela vem do mar e do rio. Temos medo disso acontecer novamente. Os órgãos competentes não ajudaram”, diz Ronaldo Gonzaga da Silva, pescador artesanal na comunidade do Cumbe – CE.
A campanha “Mar de Luta”, juntamente com o Conselho Pastoral dos Pescadores, está acompanhando o caso e orientando as comunidades a seguirem o protocolo previsto para denunciar o surgimento de novas manchas de petróleo. A campanha divulgará todas as atualizações do caso, além de acionar as autoridades competentes, se for necessário.
Desde a tragedia ambiental de 2019, pescadores e pescadoras aguardam a responsabilização dos culpados e clamam por ações de reparação pelos danos sociais e ambientais provocados em suas vidas e em seus territórios. A preocupação que estas novas manchas sejam um anúncio de novo desastre que possa gerar impactos na saúde, economia e na segurança alimentar e nutricional das comunidades.