Notícias

Mais uma vez, barril de óleo aparece em praia de Alagoas e acende o alerta nas comunidades pesqueiras

Barril encontrado na Praia de Tatuamunha desperta traumas do crime de 2019 e evidencia os riscos contínuos que substâncias tóxicas representam ao meio ambiente e à saúde humana

23-09-2024
Fonte: 

Texto: Assessoria de comunicação da Campanha Mar de Luta

Na última sexta-feira (20), um barril de petróleo foi descoberto na praia de Tatuamunha, no município de Porto de Pedras, Alagoas. O incidente reacende o alerta entre pescadores e moradores da região, que mais uma vez se deparam com a ameaça de contaminação por substâncias tóxicas. A lembrança do desastre de óleo de 2019 permanece viva, trazendo à tona o medo e a insegurança quanto aos danos ambientais e à saúde das pessoas.

Segundo a etiqueta identificada no próprio barril, trata-se de ‘Octamar™ BT-8 Plus LNx’, um aditivo de combustível usado em embarcações para otimizar a queima de combustíveis pesados. Embora tenha finalidades industriais, a presença desse tipo de substância nas praias gera grande preocupação, já que seu contato com o meio ambiente pode causar danos irreparáveis à fauna, à flora e à saúde humana.

Relatos indicam que o barril também continha ‘naftaleno’, um hidrocarboneto derivado do petróleo que oferece sérios riscos à saúde e ao ecossistema. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) foi prontamente acionado para investigar a origem do material e garantir sua destinação correta.

Alerta e preocupação

Segundo Severino dos Santos, Secretário Executivo do Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras (CPP), regional Nordeste II, pescadores artesanais da localidade encontram artefatos na praia com frequência.  "Tem sido comum aqui na praia encontrarmos objetos trazidos pela maré, como fardos de borracha, cilindros de ferro e outros materiais", relatou Severino. Ele destacou que, após dois dias, o ICMBio conseguiu, junto ao IBAMA, articular a remoção do barril por uma empresa autorizada na manhã de segunda-feira.

Severino ressaltou que, desde o crime do petróleo em 2019, as comunidades pesqueiras estão mais atentas aos riscos que esses materiais podem trazer ao ambiente e à saúde humana. Ele comentou que "as comunidades têm ficado cada vez mais preocupadas quando encontram materiais estranhos, especialmente quando estão relacionados a empresas de petróleo e derivados", devido às informações sobre os perigos potenciais dessas substâncias.

O petróleo é um problema do presente

O aparecimento desse barril de óleo reforça que a problemática do petróleo não ficou no passado, sendo uma ameaça presente. Embora o material tenha sido removido rapidamente, o trauma causado pelo crime ambiental de 2019 ainda assombra os pescadores e pescadoras locais.

A situação, ainda que aparentemente controlada, destaca a urgência de maior fiscalização e de políticas preventivas que evitem a repetição desses incidentes. É alarmante que um barril de uma empresa privada acabe abandonado em uma praia, sem que a população seja devidamente informada sobre os riscos envolvidos. Isso levanta sérias questões sobre o manejo inadequado de resíduos perigosos e a falta de controle no transporte e descarte dessas substâncias.

A Campanha Mar de Luta permanece vigilante e continua denunciando esses casos, cobrando medidas firmes das autoridades para garantir a segurança das águas e dos territórios pesqueiros. O mar não pode mais ser um depósito de resíduos tóxicos, e a vida das comunidades tradicionais não pode ser negligenciada.