Num dos estados com mais casos de COVID-19, a dificuldade de acesso às unidades básicas de saúde em conjunto com as consequências do derramamento de óleo em 2019 coloca as comunidades em situação de dupla vulnerabilidade.
Assessoria de Comunicação do CPP Nacional
Um levantamento realizado pelo regional do CPP Ceará/Piauí, no mês de abril, em 17 comunidades pesqueiras acompanhadas pela Pastoral dos Pescadores nos dois estados, detecta o grande risco de saúde e o impacto sócioeconômico em que se encontram as comunidades pesqueiras do nordeste. Apesar da amostragem pequena, a pesquisa revela uma realidade que pode ser detectada em várias outras comunidades pelo país. O levantamento foi realizado em 11 comunidades localizadas em 7 municípios do Ceará e 6 comunidades localizadas em 2 municípios piauienses. Os dados coletados no período apontam para o nível de vulnerabilidade das comunidades pesqueiras que estão ameaçadas pelo Coronavírus, sem terem equipamentos de segurança, como máscaras e álcool gel e com dificuldades de acesso às unidades básicas de saúde.
Outro fator que aumenta ainda mais a vulnerabilidade socioeconômica é o impacto do petróleo cru que atingiu as comunidades pesqueiras no final de 2019, prejudicando a vendagem de pescado em 13 das 17 comunidades pesquisadas. Após os prejuízos financeiros daquele momento, as restrições de pesca e de venda ocasionadas pelo Coronavírus, deixaram as comunidades numa situação de vulnerabilidade social ainda maior, tanto na questão da saúde quanto nos impactos socioeconômicos.
Segundo o documento, "esta situação referente a comercialização obrigou muitas comunidades (09 - 53%) a diminuírem e/ou interromperem a pesca de forma voluntária, pela impossibilidade de venda. Em 94% das comunidades já há famílias com dificuldades de comprar alimentos. Soma-se a isso, que com a suspensão das aulas, em 82% das comunidades há famílias com dificuldades de alimentar os filhos por falta da merenda escolar. Também a situação se agrava, pois em 41% das comunidades há famílias onde o Bolsa família tem atrasado e, em 71% das comunidades há pescadores que não receberam o Seguro Defeso, que deveria ter sido pago entre novembro e março".
O documento também faz um levantamento do que as comunidades têm feito para enfrentar a pandemia. A maioria das comunidades (82%) adotou o isolamento voluntário como medida preventiva e protetiva. Os pescadores artesanais continuaram, no entanto, pescando e se dirigido a instituições fora da comunidade em busca de auxílio. As incidências sobre os órgãos públicos para cobrar as medidas e apoios necessários estão sendo realizadas pela maioria das comunidades: 12 ou 71 %. Para estas incidências algumas comunidades têm usado as ferramentas virtuais para realização de vídeo conferências, formalização das situações enfrentadas e demandas na perspectiva de dar visibilidade e cobrar ações junto aos espaços institucionais.
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