O Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS) tem como tema do seu podcast semanal, lançado no dia de hoje (09/03), a pesca artesanal e o trabalho realizado pelo Conselho Pastoral dos Pescadores. Ouça o programa na íntegra logo abaixo e caso prefira, dê uma lida na transcrição do áudio.

 

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Foi realizada em Luziânia, na semana passada, mais uma assembleia nacional do Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP. Tive a alegria de ver e ouvir relatos de iniciativas que alcançaram bons frutos. São mulheres e homens em luta para cuidar e defender os peixes, e para isso, cuidam dos rios, lagos, mar, respeitam os períodos de reprodução.

 

Eles e elas são ameaçados pela poluição das águas, por grandes obras que mudam irresponsavelmente os leitos dos rios, pelo sistema do agronegócio que avança com seus venenos e sementes transgênicas até as margens dos rios e lagos, por empresas de energia eólica que destroem o equilíbrio vital do bioma Zona Costeira e desejam apropriar-se dos territórios das comunidades populares, por empresas de mineração e seus portos e por empresas pesqueiras que acabam com os peixes para aumentar seus lucros. E como se isso não bastasse, empresas jogam petróleo no mar e contaminam as águas, as praias e o subsolo da Zona Costeira do Nordeste e Sudeste.

 

Como se sabe que os pescadores e pescadoras artesanais cuidam tão bem dos ambientes naturais e pescam para alimentar suas comunidades e vender para outras famílias o que não consomem, é quase vergonhoso perguntar-se: por que estas mulheres e homens que se dedicam à pesca com tantos cuidados e tanto amor são ameaçados em relação ao seu trabalho e ao seu território? E por que isso acontece em todas as regiões? Por que, em vez de apoio e valorização, não contam com políticas e recursos públicos?

 

Mais uma vez, isso mostra que a ambição e o desejo de poder e riqueza das já ricas empresas não tem limite: elas querem se apropriar de tudo e de poder explorar a natureza e as pessoas sem controle. E quando não tem lei que garanta seus interesses, acionam os seus deputados e senadores, e o seu governo, para aprovar alguma mudança da lei ou alguma nova lei, ou para publicar um decreto. Quer dizer, controlam e usam o Estado para dar fachada legal às suas violências contra os direitos das comunidades de pescadoras e pescadores artesanais e contra os rios, lagos e o próprio mar.

 

Diante disso, amigas e amigos, temos chance de escolher: ou apoiamos quem cuida da natureza e produz alimento para todos nós, ou aceitamos que grandes empresas sejam donas de tudo, inclusive da nossa vida.