Pesquisa apresenta que 42,7% dos entrevistados expressaram expectativas negativas sobre a exploração de petróleo na região
Texto: Henrique Cavalheiro - Comunicação CPP e Campanha Mar de Luta
Um estudo conjunto realizado pela Amapari Consultoria Ambiental em parceria com o Greenpeace Brasil, lançado em março de 2024, lança luz sobre a crescente ameaça da expansão da indústria petrolífera na Bacia da Foz do Amazonas, ao longo da costa do Amapá. Esta área, conhecida por sua rica biodiversidade e pela presença de comunidades tradicionais, foi analisada com o objetivo de compreender os riscos presentes na exploração de petróleo e amplificar as vozes das comunidades locais. Os resultados deste estudo oferecem uma visão abrangente das possíveis implicações da exploração petrolífera e propõem alternativas econômicas sustentáveis para a região.
A pesquisa, conduzida nos municípios costeiros do estado do Amapá, revelou preocupações significativas entre os residentes. Dos entrevistados, 42,7% expressaram expectativas negativas sobre a exploração de petróleo na região, enquanto 69,2% citaram o vazamento de óleo como uma possível causa de impactos na pesca e na vida marinha. Além disso, apenas 4% participaram de alguma audiência pública sobre o empreendimento, destacando a importância de uma maior participação e engajamento da comunidade nas decisões que afetam seu meio ambiente, modo de vida e sustento.
O estudo também ressalta os possíveis impactos socioeconômicos e ambientais da exploração de petróleo. Desde o inchaço populacional até a perda de habitat de espécies marinhas e a poluição dos manguezais, os riscos são diversos e podem ter consequências irreversíveis para as comunidades locais, especialmente as pesqueiras, e o ecossistema da região. No entanto, o estudo não apenas alerta sobre os perigos iminentes, mas também oferece recomendações concretas para promover uma economia sustentável e inclusiva no Amapá, incluindo o fortalecimento das cadeias produtivas locais e o respeito aos direitos territoriais das comunidades tradicionais.
Diante dessas evidências, a pesquisa recomenda a urgência de ações voltadas para a preservação ambiental e o respeito aos direitos das comunidades locais. Segundo o estudo, é importante que as autoridades e as empresas não apenas priorizem os interesses econômicos imediatos, mas também considerem o Bem Viver das pessoas e a proteção do meio ambiente como valores fundamentais.
A Campanha Mar de Luta sempre se colocou firmemente contra a exploração de petróleo na foz do Amazonas, consciente dos efeitos desastrosos que essa atividade pode desencadear. Desde o terrível episódio do crime do petróleo em 2019, que devastou a costa nordestina, causando inúmeros danos físicos, psicológicos, econômicos e ambientais às comunidades afetadas, a campanha tem se posicionado ativamente contra qualquer avanço desses empreendimentos na região amazônica.