O encontro desta quarta-feira (24), ocorreu na Câmara dos Deputados e fez parte da programação da Semana Laudato Si
Assessoria de Comunicação do CPP | Texto: Henrique Cavalheiro | Fotos: Paulo Martins/Comissão para a Amazônia da CNBB
O Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP participou nesta quarta-feira (24), no Plenário 3 da Câmara dos Deputados, em Brasília, da audiência pública na Comissão de Legislação Participativa, junto com bispos da Igreja Católica e lideranças religiosas. O objetivo do encontro foi debater a urgência de construir alternativas para a proteção do meio ambiente, especialmente da Amazônia e dos povos e comunidades tradicionais.
A audiência integra a programação das atividades promovidas durante a Semana Laudato Si, que acontece até 28 de maio. Com o tema “Esperança para a Terra. Esperança para a humanidade”, o evento marca o oitavo aniversário da encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado da criação.
Participaram da mesa, Dom José Ionilton de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacotiara (AM) e secretário da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), dom Vicente Ferreira, bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA) e secretário da Comissão Especial de Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cacique Dadá Borari, do povo Indígena Maró, no Estado do Pará, Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Ceres Luísa Antunes Hadich, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Andréa Gaivotas, do CPP. A audiência foi presidida pelos deputados federais João Daniel (PT/SE) e Leonardo Monteiro (PT/MG).
Para a representante do CPP, Andrea Gaivotas, a relação entre a carta encíclica Laudato Si’ e a luta dos pescadores artesanais passa pela defesa do meio ambiente e proteção dos territórios, pois para as comunidades pesqueiras a natureza é a provedora de sua subsistência e o meio pelo qual é possível seu modo de vida. “A Laudato Si’ é vivida na prática nas comunidades pesqueiras, assim como nas outras comunidades tradicionais. Estas comunidades possuem um modo de viver e lidar com a natureza, um povo que tem sua cultura e raízes profundas que passam de geração em geração. A pesca é mais que uma profissão, é um modo de vida”, disse Andréa.
“As comunidades pesqueiras possuem um conjunto de regras e condutas, vivenciada pela coletividade e uso dos recursos naturais. Extraem da natureza o que ela é capaz de repor, conseguem conciliar de forma harmoniosa o sustento de suas famílias e a sustentabilidade da natureza. Relação caracterizada, principalmente, pelo conhecimento, referência e respeito que os pescadores artesanais possuem pela natureza”, completou Gaivotas.
Dom Vicente Ferreira lembrou que a Laudato Si’ é um chamamento para a reflexão sobre o que a humanidade está fazendo com a casa comum, e alertou que a crise que o planeta passa é socioambiental com raízes humanas. “O capitalismo tem se manifestado cada vez mais voraz em sua modalidade neoliberal e neocolonial se impondo, cada vez mais, em nossos territórios. Quem está matando o nosso Brasil, não são os indígenas, não são os movimentos sociais, mas tem nome, tem CNPJ e precisa ser nomeado, sobretudo, nesta casa de leis”, destacou o bispo.
“Toda vez que compactuamos com este sistema que mata a vida, a mãe terra, o ser humano, estamos sendo cúmplices de um pecado estrutural gravíssimo. Precisamos do que o Papa Francisco chama de conversão ecológica, um novo tempo, isso só será possível com nossa boa vontade e nosso esforço coletivo”, finalizou Dom Vicente.
Campanha Laudato Si'
A iniciativa de realizar a audiência pública faz parte da Campanha Laudato Si’, lançada em março, para difundir o documentário “A Carta” como uma estratégia para a sensibilização e a mobilização do universo religioso para as questões relacionadas na carta encíclica, que chama atenção para o cuidado da Casa Comum. A campanha é uma realização da CNBB, do Movimento Laudato Si’ e da REPAM-Brasil, em parceria com diversas organizações.