Depois de um período de mais de dois anos, em que a pandemia do novo coronavírus impedia encontros presenciais, membros do Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP reuniram-se em Assembleia Nacional dos dias 6 a 10 de março de 2023, em Recife, Pernambuco. O encontro teve como tema: “CPP: 55 anos de Profecia, Resistência e Esperança!”. Foram dias de programação intensa que analisaram a situação das comunidades tradicionais pesqueiras, a caminhada e missão do CPP, e refletiram, por meio de palestras e momentos de mística sobre o trabalho de base nas comunidades de pesca artesanal. Ao longo da Assembleia, foram eleitos os membros da nova diretoria e secretariado nacional para o próximo triênio. 

Fora os momentos de plenária, a Assembleia foi marcada por ações de trabalho em grupo, além de situações de diálogo e convívio fraterno entre irmãos e irmãs que lutam por um interesse comum e festejavam a oportunidade de estarem juntos novamente e trocarem experiências. 

Para conduzir as reflexões sobre a espiritualidade e a mística do CPP, assim como fazer um panorama da conjuntura atual do mundo, do Brasil e da Igreja, diversos convidados estiveram presentes e transmitiram aos participantes pontos importantes para compreensão de como fazer pastoral nos dias de hoje. 

O primeiro dia de Assembleia, foi período de apresentações e saudação dos presentes, na mesa de abertura estiveram Dom José Valdeci Santos Mendes, então presidente nacional do CPP, e de Ormezita Barbosa, agora ex-secretária-executiva do CPP Nacional, com a proclamação do evangelho de Lucas (Lc 5,4), que narra a pesca milagrosa de Pedro e seus companheiros, após encontrarem Jesus. Logo após, houve oficinas em grupos para discutir os grandes projetos que ameaçam a pesca artesanal e o meio ambiente, com os temas: Petróleo e gás; Mineração; Energia; e Crédito de Carbono. 

Para fazer uma análise de conjuntura sobre o cenário político brasileiro e da pesca artesanal, no segundo dia de encontro, foram convidados Eliane Martins, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e Cristiano Ramalho, Secretário da Pesca Artesanal no Ministério da Pesca e Aquicultura. Ambos apresentaram uma leitura sobre os impactos da gestão dos últimos 4 anos no Brasil e quais são os desafios do CPP neste novo governo. Após, os grupos se dividiram para pensar a caminhada do Conselho e suas linhas de ação. 

Padre Ermanno Alegri, do Movimento Igreja em Saída, foi o palestrante do terceiro dia de Assembleia, e apresentou um painel sobre a conjuntura eclesial e reflexão sobre a atuação da Igreja na construção do Reino. A fala de Ermano, permeou sobre a importância do papado de Francisco para as pastorais sociais e reforçou o convite e o entendimento sobre o que é uma igreja em saída que tem a preferência pelos pobres. Como era dia 8 de março, dia internacional das mulheres, houve homenagens para as pescadoras artesanais, o que se intensificou com a participação de todos na marcha “Mulheres na rua” no centro de Recife. 

Além disso, no terceiro dia de Assembleia, foram eleitos os novos representantes da diretoria e do secretariado do CPP Nacional, que estarão à frente da pastoral no próximo triênio. Para a função de Presidente do CPP, foi eleito o bispo da Prelazia de Tefé (AM), Dom José Altevir da Silva. Para vice-presidente foi eleito o bispo da Diocese de Pesqueira (PE), Dom José Luiz F. Sales. Para a Secretaria-executiva foi eleito Francisco Nonato, do regional Ceará/Piauí. Para as secretarias temáticas foram reconduzidos ao cargo a Secretária de Meio Ambiente e Território, Andréa do Espirito Santo, do regional Bahia/Sergipe e o Secretário de Renda e Economia Solidária, Marcelo Apel, do regional Ceará/Piauí. Para a Secretaria de Direito e Organização foi eleita Valmira Gonçalves, do regional Sul.

O quarto dia de encontro, iniciou sua programação com a alegria de receber o monge beneditino, escritor e teólogo brasileiro, Marcelo Barros. O convidado propôs uma roda de conversa sobre a mística profética do CPP, que deve estar sempre voltada para as dores e anseios dos pescadores e pescadoras, sobretudo os que mais sofrem e passam necessidades.  Marcelo recordou, que a mística de uma pastoral social é a da cruz. Não porque gosta de sofrer, mas porque vive a profecia do sentir o sofrimento que vem da luta e a perseguição dos que não gostam da profecia. Na tarde deste dia, os grupos pensaram posicionamentos e prioridades do CPP nos próximos anos.  

No último dia de Assembleia, os participantes definiram estratégias de longo prazo para o CPP e aprovaram em plenária as políticas institucionais do Conselho. O evento encerrou com uma celebração eucarística, presidida por Dom José Valdeci que enviou os agentes pastorais para suas missões e os encorajou a continuarem na luta por uma sociedade mais justa e de direitos para todos os pescadores e pescadoras artesanais do Brasil.