Assessoria de Comunicação do CPP
O arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e o bispo auxiliar dom Limacêdo Antonio estiveram na tarde de ontem (23/10), na comunidade pesqueira de Suape, atingida pelos derramamentos de óleo que estão acontecendo em todo o litoral nordestino. A comunidade, localizada em Cabo de Santo Agostinho (PE), já é atingida pelos graves impactos ambientais causados pelo Porto de Suape e agora sofre com o recente derramamento de óleo nas praias. Até o dia 21 de outubro, 233 localidades, em 88 municípios e 9 estados do Brasil foram atingidos, segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e o Ministério do Meio Ambiente.
A delegação formada pelos bispos, padres e pescadores, contou ainda com a presença de 35 agentes da Pastoral dos Pescadores de vários estados brasileiros, que também tiveram as praias atingidas pelo óleo e que estão em Olinda (PE) participando de uma semana de formação. Os participantes tiveram a oportunidade de visitar a ilha de Tatuoca, um dos pontos contaminados pelo derramamento de óleo e onde foi possível ver os voluntários ainda realizando a retirada do material tóxico.
Mais de 1500 pescadores e pescadoras artesanais que atuam no município de Cabo de Santo Agostinho estão prejudicados, no momento, tendo a saúde e a venda do pescado em risco. “Nós viemos aqui justamente a convite da Pastoral dos Pescadores pra sentir a realidade. Queríamos parabenizar a todos que se empenharam em ajudar sobre os problemas. Arregaçaram as mangas, foram pra luta e estão retirando do mar esse óleo que está acabando com tudo”, afirmou o arcebispo Dom Fernando Saburido. Ele ainda criticou a maneira demorada como o Estado tem respondido ao crime ambiental. “Eu lamento muito isso. Acho que o governo federal foi muito devagar nesse processo todo. Quando eles perceberam a iniciativa da população foi quando de fato despertaram mais pra realidade. De modo que ainda bem que estão chegando agora, atrasados, mas estão chegando e vamos exigir mais: que o governo de fato assuma o seu papel e possa chegar perto das pessoas que precisam”, cobrou o bispo.
“A vinda nessa comunidade foi muito importante para mim, afim de que eu pudesse me aproximar dessa realidade e me questionasse de muitas coisas. A solidariedade foi muito grande e as pessoas fizeram o que puderam. Porém estamos preocupados para que isso não se repita e nos perguntamos porque isso aconteceu? Qual foi a causa?”, questiona o bispo auxiliar e responsável pelas Pastorais Sociais da CNBB Regional Nordeste 2, Dom Limacêdo Antonio.
A agente do Conselho Pastoral dos Pescadores, Laurineide Maria Santana reside em Cabo de Santo Agostinho e conhece de perto a situação dos pescadores e pescadoras artesanais da localidade. “A preocupação foi tirar o piche e a pastoral apoiou os pescadores nessa labuta aqui. Agora é saber como que vai ser a vida dos pescadores? Saber como está o habitat, se tem contaminação ainda e saber como esses pescadores, essas mais de 1500 famílias vão sobreviver da pesca, com essa situação aí posta? Porque isso foi um crime ambiental”, criticou.
A pescadora Maria Vânia agradeceu a visita dos bispos e dos agentes de pastoral e também cobrou uma resposta do Estado. “Estou contente que o bispo participou da atividade aqui com a gente. Agora eu peço, à vocês, autoridades: façam alguma coisa pelas marisqueiras! Façam alguma coisa pelos pescadores, porque a situação é precária. Peço à vocês que não se esqueçam da gente. O pescador pesca para comer, o pescador pesca para viver e agora com essa situação, como é que vamos viver? A situação está precária”, revelou a pescadora.
Os agentes de pastoral de vários estados do norte e nordeste do país, que estavam em visita à comunidade pesqueira de Pernambuco também ficaram impactados com o que viram. “Viemos ver a situação dos pescadores que desde domingo estão na luta contra o impacto desse óleo na praia, que atinge a atividade pesqueira e teve impacto econômico, social e cultural na vida dessas comunidades e é papel nosso do CPP, a solidariedade também em ajudar no processo de organização e mobilização, para que o poder público atue de forma mais concreta, contribuindo para limpar e tirar esse óleo das praias e minimizar o impacto ambiental”, aponta o agente do CPP Espírito Santo, Francisco Nonato.