Dom Limacêdo Antonio ouviu as denúncias de opressão sofridas pelas comunidades pesqueiras que enfrentam conflitos territoriais há vários anos
Texto: Assessoria de Comunicação do CPP | Com informações do CPP-NE II
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Limacêdo Antonio, presidente da comissão de ação sociotransformadora do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, esteve presente nesta quarta-feira, 19 de julho, na comunidade de pescadores e pescadoras artesanais de Maracaípe e Ipojuca, Pernambuco, área que vive conflito territorial. O objetivo desse encontro foi conhecer de perto a realidade da comunidade pesqueira e acolher as denúncias em relação à opressão que as famílias vêm enfrentando há vários anos.
No mês de abril, foi acertada a construção de um muro na área do Pontal de Maracaípe, o que gerou tensões e descontentamento na comunidade pesqueira tradicional da região. O Conselho Pastoral dos Pescadores - Regional Nordeste II - CPP/NE II destaca que a comunidade tem sido sistematicamente oprimida, o que já foi denunciado diversas vezes pela pastoral.
“A participação da Arquidiocese foi de suma importância para o fortalecimento da luta das pescadoras, pescadores e marisqueiras de Maracaípe. Na ocasião, foi feita uma escuta sobre o conflito, a comunidade pôde socializar os encaminhamentos já dados e atualizações”, destaca Rubem Tavares, agente do CPP/NE II.
Além do Bispo Auxiliar, a reunião contou com a presença da assessoria da deputada estadual Dany Portela (PSOL – PE), da Comissão de Direitos Humanos da ALEPE (Assembleia Legislativa de Pernambuco), da assessoria da Senadora Tereza Leitão (PT- PE), de instituições ligadas ao Fórum Socioambiental de Suape e da Articulação do MPP (Movimento dos Pescadores e Pescadoras) e ANP (Articulação Nacional das Pescadoras) no litoral sul de Pernambuco.
Diversos outros participantes marcaram presença, incluindo representantes do CPP – NE II, Coletivo Massape, Comissão Sociotransformadora da CNBB NE, Comissão Sociotransformadora da AOR (Arquidiocese de Olinda e Recife), bem como representantes das Colônias Z 05 de Tamandaré, Z 06 de Barra de Sirinhaém, Z 08 do Cabo, Z 09 São José da Coroa Grande, Z 12 de Porto de Galinhas e Z 54 de Gameleira.
Para Tavares, os encaminhamentos tirados ao término da visita pastoral trouxeram esperança e ânimo para a caminhada e a luta das comunidades pesqueiras pela garantia dos direitos de seus territórios. “Um momento especial do encontro foi a caminhada até o pontal de Maracaípe, onde foi possível ver de perto as cercas e o muro que impedem o acesso das pescadoras, pescadores e marisqueiras de executarem suas atividades pesqueiras”, concluiu o agente pastoral.
A reunião com Dom Limacêdo representa um importante passo no sentido de buscar soluções e promover o diálogo entre todas as partes envolvidas. O encontro permitiu que as denúncias de opressão fossem ouvidas e abre espaço para a busca de medidas que garantam os direitos e a dignidade da comunidade pesqueira de Maracaípe e Ipojuca, além da proteção do meio ambiente da região.
Entenda o conflito
Há mais de vinte anos existe um embate entre a família Fragoso e a comunidade pesqueira tradicional de Maracaípe - PE. Os pescadores e pescadoras artesanais da região são contrários à privatização da praia e à construção de muros de arrimo na restinga do Pontal de Maracaípe, em Ipojuca.
De acordo com o CPP-NE II, a comunidade pesqueira vem enfrentando opressão sistemática, com a participação conivente de autoridades municipais e estaduais. A família Fragoso construiu muros e cercas na área do rio, obstruindo o acesso dos pescadores artesanais ao mangue e ao seu meio de subsistência. Mesmo com placas instaladas pelas autoridades identificando a área como de preservação ambiental, a família Fragoso recebeu autorização para retirar a restinga, derrubar barracas de comércio e construir mais um muro de arrimo, provocando indignação na comunidade local.
Nos dias 24 e 25 de maio deste ano, membros da família Fragoso deram início a uma obra de contenção do avanço do mar em frente à sua mansão no Pontal de Maracaípe. Em resposta, pescadores e pescadoras artesanais, juntamente com comerciantes, tentaram impedir a obra, resultando em um confronto com representantes da família Fragoso, da Polícia Ambiental de Ipojuca e da Prefeitura de Ipojuca. Infelizmente, alguns pescadores foram machucados durante o confronto.