Ao longo de agosto, a campanha Mar de Luta realizará diversas atividades para rememorar o crime do petróleo de 2019 e exigir reparação socioambiental e outras pautas
Texto e artes: Assessoria de Comunicação da Campanha Mar de Luta
Neste mês de agosto de 2024, fazemos memória dos cinco anos do devastador crime do petróleo que atingiu a costa nordestina e dois estados do sudeste em 2019. Para marcar esta data, diversas atividades estão programadas em vários estados ao longo do mês, com o objetivo de conscientizar e mobilizar a sociedade em torno da proteção de nossas águas e das comunidades pesqueiras. A campanha "Mar de Luta" inicia suas ações com o tema: “5 anos do crime do petróleo: Povos das águas em defesa dos territórios” e o lema: “Mar de Luta: Justiça Socioambiental, Climática e Transição Energética Inclusiva e Popular”. A campanha enfatiza a necessidade urgente de reavaliar nossa dependência do petróleo e buscar alternativas energéticas sustentáveis e justas.
Este ano, a opção foi demonstrar a dualidade entre a pureza das águas saudáveis e a poluição causada pelo petróleo e outras ameaças que impactam nossos territórios pesqueiros. De um lado, temos a rica biodiversidade marinha, com peixes, mariscos e corais que são essenciais para a estabilidade climática e para o sustento das comunidades pesqueiras. Do outro, a devastação: fauna marinha morta, escassez de recursos naturais, petróleo derramado e plástico descartado na natureza, resultando na destruição hídrica e no fim da pesca artesanal.
A campanha "Mar de Luta" não se limita apenas a recordar os danos do passado, mas avança com um olhar crítico para o futuro. É importante que nos posicionemos contra a exploração de novos poços de petróleo, especialmente na Amazônia, uma região de importância incontestável para a manutenção da vida no planeta. A campanha também se dedica a pensar e construir uma transição energética que deve ser justa, popular e igualitária, considerando as comunidades locais e proporcionando acesso igualitário à energia produzida.
Outra problemática a ser destacada é a das turbinas de energia eólica onshore e offshore. Embora sejam alternativas energéticas, elas têm impactos significativos nos territórios, interferem na rota das aves e dos peixes, e causam problemas psicológicos para os moradores das regiões afetadas, além de diversos impactos sociais e econômicos.
O selo dos 5 anos apresenta os animais marinhos fugindo da poluição e das cercas da privatização, intensificadas pelo debate sobre a PEC 03/2022, nadando contra a corrente, são metáforas poderosas para as lutas que enfrentamos. Esses símbolos destacam a resistência das comunidades pesqueiras contra as privatizações das praias e a exploração predatória dos recursos naturais. A campanha "Mar de Luta" chama todos a se unirem nesta causa, pela preservação do meio ambiente e pela defesa dos direitos dos povos das águas.
Os 5 anos da campanha Mar de Luta são um convite à reflexão sobre a defesa e proteção dos territórios tradicionais, além de manter a denúncia por uma reparação socioeconômica para as comunidades impactadas pelo crime do petróleo de 2019. Até hoje, em 2024, estas comunidades não foram alcançadas por políticas públicas que avaliem as reais condições do meio ambiente e da saúde daqueles que tiveram contato direto com as manchas de óleo, o que potencializa o racismo ambiental sofrido por estes povos historicamente. Além disso, a crise econômica, intensificada pela pandemia, ainda não foi superada. Somente com territórios livres, protegidos e saudáveis os pescadores e as pescadoras artesanais poderão perpetuar seus modos de vida e tradições.