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CPP-NE denuncia conflito em Maracaípe/PE: Comunidade pesqueira e comerciantes locais são agredidos ao defenderem praia de obras em mansão

Imóvel da família Fragoso para contenção do mar implica na retirada de restinga nativa, na demolição de barracas de comércio e a construção de um novo muro

27-05-2023
Fonte: 

 

Texto: Assessoria de Comunicação do CPP | Com informações do CPP-NE

O Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP - NE) denuncia as agressões e arbitrariedades cometidas contra a comunidade pesqueira e comerciantes da praia de Maracaípe, no município de Ipojuca, em Pernambuco. Nos últimos dias 24 e 25 de maio, integrantes da família Fragoso iniciaram uma obra para contenção de avanço do mar frente à sua mansão, no Pontal de Maracaípe. A empreitada implica na retirada de restinga nativa, na demolição de barracas de comércio, bem como a construção de um novo muro de contenção.

Diante do início das obras, pescadores e pescadoras artesanais, junto com os comerciantes, tentaram impedir a obra, o que provocou um enfrentamento desses grupos com representantes da família Fragoso, da Polícia Ambiental de Ipojuca e da Prefeitura de Ipojuca, logo no início da manhã de quinta-feira (25). Alguns pescadores da comunidade tradicional local foram espancados.

Durante a noite, as obras foram retomadas, causando nova comoção na comunidade que se opõe à destruição da restinga e do meio ambiente. Na ocasião, houve novo embate entre os pescadores artesanais, a polícia e a guarda municipal. Novamente, pescadores e pescadoras saíram feridos. 

ENTENDA O CASO – Há mais de vinte anos se alastra o conflito entre a família Fragoso e a comunidade pesqueira tradicional de Maracaípe. Os pescadoras e pescadoras artesanais da região se posicionam contra a privatização da praia e a construção de muros de arrimo, na restinga do Pontal de Maracaípe, em Ipojuca.

Segundo o CPP-NE, a comunidade pesqueira vem sendo sistematicamente oprimida, com a conivência de autoridades municipais e estaduais. Para se ter uma ideia, a referida família construiu um muro com mais de dois metros de altura, que entra 50 metros no mangue, para evitar a passagem dos pescadores artesanais.

A família também construiu cercas, na área do rio, entre as comunidades e o mangue. Para poder pescar e tirar seu sustento, as marisqueiras tiveram que derrubar parte do muro e, ainda, cortar as cercas para ter acesso ao mangue.

As autoridades instalaram placas que identificam no local como área de preservação ambiental. Entretanto, segundo o CPP-NE e os pescadores artesanais, com o avanço do mar, a família Fragoso foi autorizada novamente a retirar restinga, derrubar barracas de comércio e, ainda, fazer mais um muro de arrimo.

Na tarde da sexta-feira (26), um grupo de representante da comunidade foram até a sede da Promotoria de Justiça na sede do município, porém não foram recebidos, apenas receberam verbalmente de um funcionário a informação que eles deveriam constituir advogado particular.

 

                

Linha de ação: