Gravidade das mudanças climáticas entra nas discussões do encontro
Assessoria de Comunicação do CPP
Debates sobre Mudanças Climáticas deram início, no dia de ontem (27/03), à Assembleia Nacional do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP). Mais de 100 participantes entre agentes, pescadores e voluntários estão reunidos no Recanto do Pescador, em Olinda (PE), até o dia 31 de março, para avaliar o triênio e apontar as novas prioridades de ação da instituição. Na Assembleia serão eleitos ainda os novos membros da diretoria e do secretariado nacional da pastoral.
Na cerimônia de abertura, os participantes lembraram da Campanha da Fraternidade desse ano que discute os biomas e as populações tradicionais. Os principais inimigos dos biomas e das populações tradicionais foram citados na mística inicial. As belezas e forças dos biomas também foram celebradas.
O cinquentenário do CPP, que será comemorado em 2018, já começa a ser pensado dentro da pastoral e entrará nas discussões desses dias.
Mudanças Climáticas
O professor e pesquisador da Universidade Estadual do Ceará, Alexandre Araújo, explicou as evidências e consequências do aumento da temperatura na Terra. Refutando as teorias de que o aumento de temperatura seria um processo natural da Terra, Araújo defende que esse fenômeno tem se intensificado pela ação do homem. Através de um histórico de dados, Araújo mostrou que desde o aumento da industrialização, esse processo tem se acelerado. “A quantidade de gás carbônico na atmosfera já aumentou um terço desde a década de 50”, explica. O gás carbônico (CO2) é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, fenômeno responsável pelas altas temperaturas que geram consequências ainda mais graves como o aumento do nível das águas dos oceanos, devido ao derretimento das geleiras, juntamente com a morte de algumas espécies aquáticas.
O aumento de CO2 na atmosfera também tem ocasionado a diminuição de oxigênio nos oceanos junto com outro fenômeno: a mudança do PH dos mares, que ficam mais ácidos e impactam na reprodução da vida marinha. O professor acredita que é necessário fazer uma disputa de modelo civilizatório para barrar as mudanças que estão ocorrendo na natureza. “O nosso modo de vida está atrelado ao sistema econômico, que criou a ilusão de que temos que crescer, crescer o tempo todo”, questiona o professor.
A bióloga e pesquisadora Camila apontou como essas mudanças podem atingir a produção do pescado. Segundo ela, o aumento da temperatura pode diminuir a diversidade e a quantidade de estoque pesqueiro. “Nem todas as espécies se adaptam às mudanças climáticas. Já há vários casos de branqueamento de corais na costa do Brasil”, alerta.
A última apresentação do dia foi do professor Eduardo Paes da Universidade Federal Rural do Amazonas, que apresentou sua pesquisa sobre os ciclos do peixe sardinha. A sua pesquisa trouxe informações novas para o debate sobre a movimentação do estoque pesqueiro da espécie.