Por Articulação das CPTs do Cerrado
A Articulação da Comissão Pastoral da Terra no Cerrado, formada pelos regionais dos estados Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, lança hoje, 11 de maio, a primeira etapa da CAMPANHA SALVE UMA NASCENTE, que tem como objetivo evidenciar a importância da conservação e recuperação de nascentes e rios, assim como das experiências comunitárias de recuperação da vegetação natural e solo de áreas degradadas do Cerrado.
Há mais de 10 anos a Comissão Pastoral da Terra trabalha com a recuperação de nascentes no Cerrado, sendo os primeiros desenvolvidos nos estados de Goiás e Mato Grosso. Desde então, realiza processos de formação junto a várias comunidades e camponeses/as cerradeiros/as na luta em defesa das águas, da terra e das florestas. Nesse sentido, a Campanha Salve uma Nascente irá apresentar experiências feitas em diferentes territórios, abrindo caminho para a multiplicação dessa ideia para outros lugares e construindo redes de proteção.
Sabemos que o Cerrado e suas áreas de transição, as quais abrangem cerca de 36% do território nacional, ou seja, mais de 1/3 do território brasileiro, têm passado nos últimos cinquenta por um intenso processo de devastação pelo avanço dos monocultivos da agricultura industrial. Como nos lembra o professor Altair Sales, “o Cerrado está incluso no planejamento político brasileiro como região de expansão da fronteira agrícola orientada por práticas predatórias, causando um cenário estarrecedor”.
As consequências dessas práticas ao Cerrado que, de acordo com Carlos Walter Porto Gonçalves, se constitui como a mais importante área de recarga hídrica de todo o país, onde brotam importantes rios do Brasil e do continente sul-americano, afetam drasticamente a biodiversidade e as fontes de águas.
“O Cerrado contribui para oito das 12 regiões hidrográficas do país. 70% da água que sai na foz do rio Tocantins-Araguaia vem do cerrado, 90% do que sai na foz do rio São Francisco também vem do cerrado e 50% do que sai na foz do rio Paraná também”
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, em 2020, o desmatamento no Cerrado totalizou 7,3 mil km², sendo a maior destruição na região do Matopiba. Ainda de acordo com o Instituto, o Cerrado registrou mais de 63 mil focos de incêndio só no ano passado. Diante desse cenário devastador, Altair Sales pontua que, em média, 10 pequenos rios do Cerrado desaparecem a cada ano.
Toda essa devastação, queimadas, desmatamento e avanço das monoculturas tem provocado efeitos ao clima e ao bem viver dos povos do campo e da cidade. As nascentes estão secando, os rios estão assoreados, é preciso adotar medidas urgentes. Seja parte desta campanha, SALVE UMA NASCENTE.