Bahia Notícias | Por Estela Marques
Moradores da Ilha de Maré e representantes de pescadores e quilombolas promoveram no último sábado (17) um “Toxic Tour” pela região para denunciar a poluição, genocídio e racismo ambiental na Baía de Todos-os-Santos, promovido pelo complexo industrial existente na região. Cerca de 100 pesquisadores, ambientalistas, médicos e químicos participaram do tour pela região da baía, cujas águas estão contaminadas com metais pesados, como chumbo e mercúrio. “A gente tem feito denúncias na Ilha de Maré, porque é quem mais é contaminada pelos grandes empreendimentos por ali: o Porto de Aratu, Braskem, o moinho, a Refinaria Landulfo Alves, a segunda maior termelétrica da América Latina. Um complexo industrial que tem atrapalhado e assassinado a vida das populações da Ilha de Maré e do entorno. O estado se nega a discutir essa problemática”, contou Eliete Paraguassu, liderança do movimento.
Segundo ela, o próprio governo e empresários acionaram a Justiça para barrar uma ação que impede a construção de dois terminais industriais, entre os quais o da Prainha, projetado pela Braskem. Em maio do ano passado, a Câmara Municipal de Candeias recorreu ao ao Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar improcedente uma ação do governo do estado que declarava inconstitucional uma lei municipal que torna a região zona de proteção ambiental (entenda aqui o caso).
A situação é cobrada pela comunidade tradicional desde 2001 e tem sido objeto de denúncias e documentários feitos pela própria comunidade, como "Mulheres das Águas" e "No Rio e No Mar", este último premiado com o segundo lugar em um festival internacional. “Em 2013 a Braskem explodiu um navio cheio de propeno que ia para as Bahamas. Até hoje a comunidade sofre por esse impacto ambiental. E até hoje a Braskem não teve nada por esse acidente. Mais uma dragagem significa levantar os sedimentos poluídos que estão lá”, afirmou.