Enquanto o governo sustenta a segurança da exploração na Margem Equatorial, pescadores seguem lidando com vazamentos, impactos à saúde e violações ambientais
Texto: Assessoria de Comunicação da Campanha Mar de Luta
Na última segunda-feira (19), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aprovou o Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF) apresentado pela Petrobras, referente à Bacia da Foz do Amazonas. Essa aprovação permite que a estatal avance para a próxima etapa do processo de licenciamento ambiental, que inclui a realização de simulações práticas para testar a eficácia do plano em caso de vazamento de óleo.
A Bacia da Foz do Amazonas é uma região de alta sensibilidade socioambiental, abrigando diversas Unidades de Conservação, Terras Indígenas e uma rica biodiversidade marinha. A possibilidade de exploração de petróleo na área tem gerado preocupações entre ambientalistas e comunidades locais, que temem os impactos negativos que a atividade pode causar ao meio ambiente e aos modos de vida tradicionais.
A realidade dos pescadores: entre o óleo e o abandono
Enquanto o governo e a indústria do petróleo seguem acelerando o processo de licenciamento para perfuração na Margem Equatorial, alegando supostos avanços tecnológicos e protocolos de segurança, pescadores como Humberto Almeida, da Baía do Araçá (SP), vivem diariamente os impactos negativos da exploração de petróleo.
No final de abril deste ano, Humberto encontrou novamente manchas de óleo no mar durante sua pescaria e relatou a presença de navios e embarcações da indústria petrolífera na área. Após o contato com a substância, teve queimaduras na pele, precisando de atendimento dermatológico e uso de medicamentos caros. Esse episódio não é exceção, mas parte de um histórico de violações ambientais recorrentes.
Preservar é não perfurar
É por isso que a Campanha Mar de Luta é radicalmente contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas e em toda a Margem Equatorial. Seguimos denunciando os danos reais e permanentes que essa atividade impõe aos povos das águas e aos ecossistemas que sustentam suas vidas. Perfuração é destruição. Preservar é resistir.
A tentativa de explorar petróleo na Foz do Amazonas e em toda a Margem Equatorial vai na contramão do que o mundo exige com urgência: o fim dos combustíveis fósseis. Ignorar a crise climática e insistir em abrir novas frentes de exploração é uma contradição grave para um país que deseja liderar o debate ambiental na próxima COP, justamente no Brasil. Enquanto o planeta clama por uma transição energética justa e popular, o governo brasileiro mira mais perfuração.
A memória do crime de 2019 e a urgência da justiça
A decisão do Ibama acontece em meio a intensas pressões econômicas e políticas para avançar com a exploração de petróleo na Margem Equatorial, desconsiderando os riscos já evidenciados por tragédias anteriores, como o crime do petróleo de 2019, que ainda hoje marca comunidades inteiras sem justiça ou reparação.
A Campanha Mar de Luta reafirma seu compromisso com os povos das águas e a defesa intransigente da justiça socioambiental. Para nós, preservar a Amazônia é dizer não à perfuração, é recusar um modelo que insiste em destruir onde deveria cuidar.