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Pescadores e pescadoras de todo o Brasil ocupam as ruas de Brasília nesta quinta (21)

Representantes de 20 estados e delegações de mais de 40 países marcharam na capital federal para exigir justiça climática, respeito às comunidades tradicionais e políticas públicas para a pesca artesanal

21-11-2024
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Texto e fotos: Henrique Cavalheiro 

Nesta quinta-feira (21), as ruas de Brasília foram palco da grande Marcha do 13º Grito da Pesca Artesanal, um marco na luta pelos direitos das comunidades pesqueiras. Organizada pelo Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), a mobilização reuniu mais de 800 pescadores de 20 estados brasileiros, somados a representantes de mais de 40 países. O ato destacou a resistência coletiva contra a retirada de direitos, os impactos da crise climática e o avanço de grandes empreendimentos sobre os territórios tradicionais.

“A marcha é o ponto principal, sem menosprezar os outros momentos do evento. Com a internacionalização dos países que estiveram aqui, reivindicamos juntos as nossas pautas: retirada de direitos, mudanças climáticas, documentação e a falta de assistência de um governo que nos ignora”, afirmou Nilmar Conceição, da coordenação nacional do MPP.

A pescadora artesanal do Rio Grande do Norte, Rita de Cássia, também da coordenação nacional do MPP, destacou a importância da marcha como um momento esperado por toda a comunidade pesqueira ao longo do ano. "Estamos aqui, as mulheres de todos os estados, para dizer a esse governo que olhe mais para nós. Não venda, não doe as nossas comunidades tradicionais, que são o nosso sustento. Nós somos as guardiãs do nosso bioma, da natureza", afirmou Rita, ressaltando o papel das mulheres na proteção dos territórios e da biodiversidade.

Rita alertou para as graves ameaças que as mulheres pescadoras enfrentam, como a poluição dos rios e a instalação de torres eólicas no mar. “Nós perdemos nossos direitos de ir e vir. Não somos contra o desenvolvimento, mas sim contra o modelo de desenvolvimento que chega às nossas comunidades para destruir nossos territórios”, destacou. Para ela, o grito é uma oportunidade de exigir políticas públicas que respeitem as comunidades pesqueiras e garantam condições dignas para todos os pescadores e pescadoras artesanais. 

Para Manoel Bueno, conhecido como Nego da Pesca, pescador artesanal do Espírito Santo e membro da coordenação nacional do MPP, a marcha do 13º Grito da Pesca Artesanal foi um momento marcante, mas também de denúncia. “Foi um encontro internacional, com cerca de 40 países e delegações de 22 estados brasileiros, para dizer aos nossos governantes que não aceitaremos a retirada dos direitos que conquistamos com muita luta”, afirmou.

Nego da Pesca também ressaltou a importância de reconhecer o papel fundamental dos pescadores e pescadoras na segurança alimentar do país. “Essa marcha foi para dar um recado claro aos ministros e ao Presidente da República: respeitem os pescadores e pescadoras que garantem uma alimentação de qualidade na mesa da população brasileira. Precisamos ser reconhecidos como merecemos e respeitados como precisamos ser”, concluiu. 

Solidariedade Internacional Reforça a Luta Global da Pesca Artesanal

Participante da 8ª Assembleia do Fórum Mundial dos Povos Pescadores (WFFP), Cristina Napa, do Equador, acompanhou a marcha em apoio ao MPP e às lutas das comunidades pesqueiras no Brasil e no mundo. “A importância das marchas em diferentes países está em demonstrar a resistência contra os danos causados aos nossos ecossistemas, os mares. Somos da pesca artesanal”, afirmou Cristina.

Ela destacou a solidariedade internacional como um pilar essencial na luta pelas comunidades tradicionais. “Estamos aqui para apoiar os pescadores artesanais do Brasil e também em solidariedade ao povo da Palestina, Palestina Livre”, concluiu, reforçando o caráter global das reivindicações levadas às ruas de Brasília. 

O 13º Grito da Pesca Artesanal segue até esta sexta-feira (22) em Brasília, com debates sobre os principais desafios enfrentados pelas comunidades pesqueiras e a construção de propostas para garantir justiça climática, soberania alimentar e direitos territoriais. 

Linha de ação: