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Um exemplo latino-americano: A população do Equador decide encerrar a exploração de petróleo na Amazônia

Após um plebiscito nacional, o país votou pela interrupção das atividades de perfuração de poços de petróleo no Parque Nacional Yasuní, localizado na Amazônia equatoriana. Que sirva de inspiração para o Brasil e o mundo

 

21-08-2023
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Texto: Henrique Cavalheiro / Assessoria de Comunicação CPP

A população do Equador, por meio de um plebiscito realizado no domingo (20/08), decidiu suspender a exploração de petróleo em uma região da floresta amazônica na fronteira com o Peru. Com 93% das urnas apuradas, 59% dos eleitores optaram por interromper as atividades da estatal Petroecuador no Parque Nacional Yasuni, conhecido como bloco 43. Essa área é renomada pela sua extraordinária biodiversidade e pela presença de grupos indígenas isolados.

O Parque Yasuni, abrangendo uma extensão de 1 milhão de hectares que se estende pela Amazônia e pelos Andes, é estimado por pesquisadores como tendo mais espécies de animais por hectare do que em toda a Europa, além de uma diversidade de árvores que supera a da América do Norte. No entanto, sob suas terras repousa a maior reserva de petróleo bruto do Equador.

Essa decisão impõe ao governo de Guillermo Lasso a tarefa de desativar gradualmente os campos de exploração até outubro de 2024, sendo que o bloco 43 representa 12% da produção diária de petróleo do país.

O referendo foi defendido pelo coletivo ambiental Yasunidos, que há uma década destacava a necessidade de submeter esse tema à consulta popular. Pedro Bermo, porta-voz do coletivo, declarou: "Estamos liderando o mundo no combate às mudanças climáticas, ignorando os políticos e democratizando as decisões ambientais".

Brasil, qual será o seu posicionamento?

O Equador já tomou a decisão de renunciar à dependência da exploração e utilização de combustíveis fósseis com esta medida. Enquanto isso, na Colômbia, o governo de Gustavo Petro estabeleceu um plano progressivo para erradicar a extração de petróleo na região amazônica. No entanto, no Brasil, há planos de expandir a exploração de petróleo e gás na região da Foz do Amazonas, indo na contramão dessa tendência na América Latina.

Ambientalistas brasileiros, instituições e organizações dedicadas à causa do clima e da biodiversidade, incluindo o Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP e a campanha Mar de Luta, já expressaram seu apoio à Nota Técnica do Ibama que se posiciona contra a perfuração de petróleo na Foz do Amazonas. Enquanto isso, a Petrobrás apresentou uma contraproposta que está sendo avaliada pelo órgão ambiental.

A suspensão da exploração de petróleo na Amazônia foi uma das principais demandas de movimentos populares e ambientais durante os Diálogos Amazônicos, um evento que antecedeu a Cúpula da Amazônia em Belém (PA), realizada neste mês de agosto de 2023. No entanto, a Cúpula de presidentes da Amazônia desapontou as organizações da sociedade civil ao não estabelecer metas para conter a atividade petrolífera na região.

Tudo isso ocorre no mesmo mês que marca os anos do crime do derramamento de petróleo na costa brasileira em 2019. A campanha Mar de Luta, que auxilia as comunidades afetadas por esse crime ambiental, denuncia as terríveis consequências que o petróleo causou e ainda causa nas famílias, economia, saúde e meio ambiente de comunidades pesqueiras artesanais.

Que o Equador sirva como um exemplo a ser seguido para o fim da exploração de petróleo no Brasil, especialmente na Amazônia.



Com informações www.lahora.com.ec

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