Saiu na imprensa

Invasores trajados com fardas de policiais destroem casas em quilombo na Bahia

Ação truculenta ocorreu sem nenhum aviso prévio ou documento legal de desocupação
06-09-2024
Imprensa: 

Publicado originalmente no site Alma Preta em 05/09/2024, Por Mariane Barbosa

Um grupo de homens armados invadiu a comunidade quilombola de Toque da Gamboa, localizada em Cairú (BA), nesta quarta-feira (4). Segundo testemunhas, os suspeitos utilizavam fardas de policiais militares e foram acusados de destruir e incendiar casas e roças.

Segundo relato de lideranças do quilombo, a ação ocorreu sem nenhum aviso prévio ou documento legal de desocupação. O sítio, sediado na Ilha de Tinharé, é historicamente habitado pela população negra rural, remanescente de quilombo, que possui como fonte de sobrevivência a pesca, a pequena agricultura e o turismo de base comunitária.

A comunidade habita o território há gerações. O uso tradicional do local é condição para a reprodução física e cultural da comunidade. As áreas de mata, restinga, rios, praias, mar e manguezais que integram o território são utilizadas das mais diversas formas pela comunidade, como base e condição de sobrevivência.

“Inconformados com o fracasso em usurpar as terras da comunidade, empresários e especuladores imobiliários promovem todo tipo ameaças e violências, confrontando as decisões da justiça, para usurpar as terras da comunidade culminando com ações violentas como a que ocorreu ontem”, denunciam as lideranças quilombolas. 

A área ocupada pela comunidade quilombola é caracterizada como área da União, uma vez que se trata de uma Ilha Oceânica, conforme definido expressamente pela Constituição Federal.

A denúncia reforça ainda que é comum que “especuladores imobiliários contratarem policiais para promoverem ameaças e violências visando usurpar terras dos quilombolas nas Ilhas de Tinharé e Boipeba”. 

Além disso, os relatos apontam que os suspeitos “também contam com o apoio da prefeitura, pois é sabido que o atual prefeito tem muitos negócios envolvendo terras na região”, reiteram as lideranças.

Linha de ação: